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O economista Paul Krugman: "Se não prestarem atenção, emergentes podem cair na mesma armadilha dos países desenvolvidos" | Mario Miranda
O economista Paul Krugman: "Se não prestarem atenção, emergentes podem cair na mesma armadilha dos países desenvolvidos"| Foto: Mario Miranda

O norte-americano Paul Krugman, vencedor do Nobel de Economia em 2008, alertou ontem para os riscos do excesso da entrada de capital estrangeiro no Brasil nos próximos anos. Segundo ele, apesar das oportunidades geradas pelo investimento vindo do exterior, há pelo menos dois problemas com esse movimento. O primeiro é a provável valorização do real e a consequente perda de competitividade dos produtos brasileiros para exportação. Ele também acredita que o fluxo de divisas externas para o país pode acabar distorcendo a economia. O excesso de poupança levaria a situações como a que criou a crise financeira nos EUA. "Os americanos achavam lindo que o mundo inteiro estava colocando dinheiro no país, e acabamos criando uma bolha no mercado imobiliário", afirmou ele, durante o IBM Forum 2010, evento que termina hoje em São Paulo.

Krugman, cuja coluna é publicada pela Gazeta do Povo às segundas-feiras, acredita que os países emergentes – o Brasil entre eles – serão o principal destino do capital estrangeiro pelos próximos cinco anos, enquanto os países desenvolvidos se recuperam da crise. Para o economista, estes últimos continuarão com taxas de juros baixas, para estimular o consumo. Com isso, o mercado financeiro vai voltar sua atenção ainda mais para o mundo emergente, onde a taxa de retorno é maior. "Esses problemas [bolhas de crédito] podem acontecer, mas ainda não são visíveis no cenário de hoje", disse ele. "É só algo a que os países emergentes precisam prestar atenção, ou podem cair na mesma armadilha dos países desenvolvidos."

Defensor de maior gasto por parte dos governos, Krugman é bastante pessimista em relação à recuperação da economia no Hemisfério Norte. Ele prevê que a taxa de desemprego norte-americana, hoje de 9,6%, só volte a 5%, nível pré-crise, em cerca de 20 anos. "Desde a Segunda Guerra Mundial, as soluções para crises financeiras sempre seguiram a fórmula da desvalorização da moeda como forma de aumentar a exportação. O problema é que essa crise é uma crise generalizada no mundo rico. Não há saída pela exportação. Teríamos de encontrar outro planeta para exportar produtos", ironizou.

O economista defende que o governo de Barack Obama deve lançar um novo pacote de estímulo para que os EUA saiam mais rapidamente da crise. "O que aconteceu foi que houve uma reação rápida logo no início da crise, mas depois não existiu vontade política para se continuar o trabalho. É como se os bombeiros tivessem apagado o fogo, mas os construtores, responsáveis por reconstruir o prédio, não apareceram."

O jornalista viajou a convite da IBM.

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