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Imagens da campanha sobre educação no trânsito criada pela OpusMúltipla, nos anos 90, para a prefeitura de Curitiba | Reprodução
Imagens da campanha sobre educação no trânsito criada pela OpusMúltipla, nos anos 90, para a prefeitura de Curitiba| Foto: Reprodução

Uma lei assinada nesta semana pelo prefeito Luciano Ducci obriga que, a partir de agora, 20% da verba de publicidade da prefeitura de Curitiba seja destinada a campanhas educativas relacionadas à cidadania, meio ambiente e bem-estar público. O vereador Caíque Ferrante (PRP), autor da proposição, entende que a cidade precisa retomar seu papel na formação cultural dos curitibanos por meio dessas campanhas, assim como fez no passado. A verba estimativa para a área neste ano é de R$ 9 milhões – ou seja R$ 1,8 milhão devem ser aplicados nessas peças educativas.

"Há muito tempo as campanhas educativas não fazem parte das ações e propostas oficiais. Mas tivemos, no passado, exemplos muito bem-sucedidos, como as campanhas da Família Folhas, do Zé Gotinha, ou dos bichos no trânsito", diz o vereador. "Na época da Família Folha, por exemplo, as crianças corrigiam os pais que não jogavam lixo reciclável no local adequado."

Para o vereador, esse tipo de publicidade educa e ajuda a formar a personalidade, em especial das crianças. Autor da campanha de trânsito que comparava os motoristas que cometiam irregularidades com animais, o publicitário Paulo Vitola diz que a iniciativa é "extraordinária". "Tenho certeza de que essas campanhas são capazes de influenciar as pessoas. E é parte do papel do Estado usar os meios de comunicação para educar, falar sobre questões de saúde, trânsito e meio ambiente", defende Vitola.

O publicitário diz lembra que na época em que foi lançada a campanha dos bichos, houve uma queda significativa no número de acidentes e de infrações na cidade. "As peças falavam de maneira muito clara e objetiva, como não parar em fila duplas ou bloquear cruzamentos. Coisas que puderam ser medidas depois."

O publicitário Renato Cavalher, diretor de criação do Grupo OM Comunicação Integrada, também considera que as campanhas educativas marcaram época em Curitiba, se tornando verdadeiros clássicos. "Mas este tem que ser um trabalho sistemático, sem fim, renovado a cada geração", defende o publicitário.

Para Cavalher, neste momento, a propaganda pode contribuir, principalmente, para um trabalho de conscientização sobre o papel de cada um no trânsito: motoristas, motociclistas, ciclistas e pedestres. "Estamos vivendo uma verdadeira guerra urbana que precisa ter um fim. O trânsito tem que ser pacificado e todos devem ser chamados a dar sua contribuição", diz. "A rigor, toda comunicação de administração pública serve a dois objetivos básicos: prestar contas para a população sobre os investimentos em obras e serviços para solucionar os problemas da cidade, e para educar o cidadão no cumprimento de seus direitos e deveres."

Soma-se a isso, segundo o vereador autor do projeto, a necessidade de reavivar a imagem de Curitiba como a capital ecológica do país. "Na época que a campanha foi lançada, éramos 800 mil habitantes. Hoje somos quase 2 milhões, vendo boa parte de fora da cidade. É algo que foi esquecido."

Sucesso

Para ter sucesso, Vitola diz que uma campanha educativa tem que ter "pontaria certeira". "É preciso selecionar os temas com critério e, dentro deles, abordar coisas pequenas e específicas, sem querer resolver tudo ao mesmo tempo", sugere o publicitário.

Ele defende, no entanto, que as campanhas publicitárias precisam ter respaldo de ações concretas da prefeitura, que envolvam um bom sistema de fiscalização e obras de engenharia de trânsito. "Se isso acontecer, a publicidade tem grandes chances de contribuir para mudar o comportamento das pessoas."

Interatividade

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