• Carregando...
Lenny Kravitz fez melhor show | AFP PHOTO / Luisa DE PAOLA
Lenny Kravitz fez melhor show| Foto: AFP PHOTO / Luisa DE PAOLA

Londres – Quem diria, há uma década, que letras de música seriam uma das informações mais buscadas da rede mundial de computadores? Até os anos 90, editoras e gravadoras musicais, com certeza, nunca haviam imaginado que a obra de compositores viria a ser tão popular – muito menos que tal fato criaria problemas jurídicos e questionamentos legais. Desde a explosão do rock, há meio século, letras musicais eram comumente publicadas ("sob permissão") em encartes de discos e compactos. Poucos sabiam, entretanto, que essa reprodução era cobrada pelas editoras, e seu custo estava embutido no preço final do álbum. Pois bem, a revolução digital veio e acabou com o casamento das palavras impressas com a música. Ao comprar uma canção pelo iTunes, por exemplo, o consumidor recebe apenas e tão-somente um arquivo de áudio – além, é claro, da licença para escutá-lo. Preenchendo o vazio, uma miríade de sites "não-autorizados" (leia-se "sem permissão") surgiu, oferecendo transcrições de músicas sem cobrar nada por isso e, por mais que sejam comumente infestados de pop-ups, representam 12 dos 25 endereços mais visitados da web, segundo a Hitwise, uma companhia especializada em monitorar audiência na internet.

Não deixa de ser estranho, portanto, que os executivos tenham demorado tanto para perceber tamanha demanda. Foi só em abril deste ano que as editoras norte-americanas estabeleceram uma parceria com a gigante da mídia on-line Gracenote para oferecer uma alternativa legal aos internautas fãs de música. Abrigado pelo Yahoo!, o serviço (disponível em music. yahoo.com/lyrics) permite visualizar gratuitamente 400 mil letras. O interesse dos editores está assegurado, pois eles recebem uma fatia da receita obtida com a publicidade veiculada nas páginas do endereço. A solução é um passo importante para esse segmento da indústria musical, que briga há anos com administradores dos sites que publicam letras sem permissão.

Apesar de o consumidor de música nunca ter propriamente desembolsado para ter versos musicais em suas mãos, as letras sempre renderam dividendos quando licenciadas para impressão em livros, coletâneas e partituras. "Estamos sendo menos radicais que outros setores da indústria musical", frisa o diretor da editora independente Peermusic, Ralph Peer. "É importante que tenhamos um bom serviço no ar antes de pressionar sites que ganham dinheiro às custas dos compositores. Mais cedo ou mais tarde, eles terão de pagar pelo material que utilizam", completa. Por mais que tentem se distanciar das gravadoras – e da cruzada contra o compartilhamento de música on-line –, os editores são iguais a elas quando limitam o acesso ao seu produto. O Yahoo! Music desabilita as funções copiar, recortar, colar e imprimir do navegador, impossibilitando qualquer uso da letra que vá além da mera leitura pelo internauta. "Lamentamos a inconveniência, mas no momento esta é a única maneira de oferecer este conteúdo de maneira legal", explica o Yahoo! no própria página.

O vice-presidente da Gracenote, Ross Blanchard, faz questão de salientar que atualmente o serviço oferecido em conjunto com o Yahoo! oferece apenas uma "minúscula" porcentagem do universo musical e que, mesmo assim, teve de empregar 100 pessoas para transcrever todas as letras durante um período de dois anos. Ele descreve o Yahoo! Music como "os primeiros passos" e promete inovações que trarão benefícios ao usuário. Da maneira como está, de fato, o site não é nem um pouco agradável e, se as editoras não investirem pesado na digitalização de seus catálogos, é pouco provável que o serviço sobreviva. Como diz o especialista em leis de comunicação Tahir Basheer: "Consumidores e espectadores só mudam o comportamento ao não se sentirem satisfeitos com o produto que estão acessando. É muito difícil fazê-los mudar, mesmo na base da ameaça." Que o digam as gravadoras e selos musicais. O negócio virtual é regido pela seguinte máxima: primeiro, ofereça ao usuário algo atraente e, depois, não tente legislar contra o internauta.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]