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Líderes mundiais empreenderam neste sábado (6) uma rodada de telefonemas de emergência para discutir a dupla crise de dívidas, na Europa e nos Estados Unidos, que está causando turbulência nos mercados financeiros.

O Banco Central Europeu (BCE) vai realizar uma rara teleconferência para analisar os desdobramentos da crise da dívida na zona do euro, disseram fontes da instituição neste sábado.

Os mercados estão ansiosamente esperando que o banco central comece a comprar títulos da dívida da Itália e da Espanha na segunda-feira para estabilizar os preços, mas a medida divide o Conselho de Governança do BCE.

No entanto, mais pressão sobre os títulos dos dois países depois da correria de vendas da semana passada poderia minar o sistema bancário europeu, já bastante prejudicado, e paralisar o mercado da Itália, a oitava maior economia do mundo.

O quadro piorou com a decisão da agência de classificação de risco Standard & Poor's de rebaixar na noite de sexta-feira (5) a nota de crédito dos Estados Unidos de "AAA" para "AA+", motivada pela preocupação com o déficit orçamentário e o crescente peso da dívida norte-americana.

Embora não fosse totalmente inesperada, a perda do status de detentor da maior nota pela superpotência econômica mundial atraiu duras críticas da China, maior credora dos EUA, e faz prever mais ansiedade para os mercados financeiros no mundo.

O presidente francês, Nicolas Sarkozy, que lidera o G20, grupo das maiores economias do mundo, vai analisar na noite deste sábado a situação financeira decorrente do rebaixamento da nota dos EUA com o primeiro-ministro britânico, David Cameron, informou seu gabinete.

Segundo uma fonte europeia de alto escalão, ministros das Finanças e bancos centrais do G7 -- que abrange as maiores potências industriais -- vão participar da teleconferência sobre a agitação nos mercados no fim deste sábado ou no domingo.

Os vice-líderes no âmbito do G20, que inclui mais países, iriam manter contatos telefônicos na noite de sábado, segundo uma fonte do Ministério da Fazenda brasileiro.

A fonte europeia afirmou que o rebaixamento da classificação dos EUA, aliado à situação na Europa, elevou a necessidade de coordenação internacional de políticas.

"O G7 vai realizar conferência por telefone. Ainda não está confirmado se será em uma ou duas etapas, hoje (sábado) e amanhã (domingo)", declarou a fonte.

O ministro francês das Finanças, François Baroin, que seria o encarregado de presidir qualquer reunião do G7 e G20 enquanto a França ocupar a presidência desses grupos, afirmou que ainda é muito cedo para dizer se haverá um encontro antecipado do Grupo dos Sete.

Já o ministro das Finanças da Holanda, Jan Kees de Jager, afirmou: "Estou em constante contato com colegas de outros países e sigo de perto os desdobramentos dos mercados financeiros."

China e Japão pediram ação coordenada para evitar uma nova crise financeira mundial. O ministro das Finanças da Índia, Pranab Mukherjee, disse a repórteres que "não há nenhuma necessidade de pressionar desnecessariamente o botão de pânico."

As recriminações surgiram com rapidez e força entre os políticos dos EUA, com cada lado procurando acusar o outro pelo rebaixamento e o impasse para solucionar a crise fiscal do país.

O porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, disse que o presidente norte-americano, Barack Obama, acredita ser "importante que nossos líderes eleitos se unam para fortalecer nossa economia e pôr nossa nação numa base fiscal mais forte."

A agência estatal chinesa de notícias, a Xinhua, criticou os EUA por seu "vício em dívidas" e disputas políticas "míopes", e afirmou que a China "tem todo o direito agora de exigir que os EUA enfrentem seus problemas estruturais de débito e garantam a segurança dos ativos da China em dólar."

"Deveria ser criada uma supervisão internacional da emissão de dólares dos EUA. Uma nova, estável e segura moeda de reserva mundial poderia também ser uma opção para evitar uma catástrofe causada por um único país", disse a Xinhua.

Em contraste, o ministro Baroin, da França, declarou que seu país tem fé em que os Estados Unidos saiam deste "período difícil."

Os dados de desemprego nos EUA, divulgados na sexta-feira, superaram a expectativa e, portanto, as coisas estão indo na direção certa, disse Baroin.

"Não se deveria dramatizar. É preciso ficar com a cabeça fria, examinar os fundamentos", afirmou ele à emissora francesa iTele.

"Não há motivo para pânico", declarou o primeiro-ministro da Polônia, Donald Tusk. "Nós veremos em agosto, e talvez mais intensamente em setembro, quais serão as consequências para a economia mundial."

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