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Que o biotipo físico das brasileiras é bem diferente do das chinesas todo mundo já reparou. Mas que as calcinhas que elas usam lá estão começando a invadir as lojas daqui é surpresa para muita gente. E o pior: é uma séria preocupação para a indústria de lingerie, especialmente a fluminense, responsável por 20% da produção nacional.

Bem mais baratas, as lingeries chinesas estão chegando ao consumidor com preços inferiores à metade do que é cobrado pelas peças brasileiras. Isso porque o custo de produção deles é muito menor e a importação acaba sendo vantajosa para empresas brasileiras. Um conjunto de calcinha e sutiã chinês, por exemplo, pode ser comprado a R$ 10, enquanto o brasileiro fica em torno de R$ 25. Já calcinhas mais simples chegam a custar R$ 1.

Segundo Amim Mazloum, presidente do Sindicato da Indústria do Vestuário de Nova Friburgo — cidade onde fica o pólo de moda íntima do estado, com 1.200 confecções — a presença de produtos chineses não é nova, mas só agora começa a incomodar:

— Eles estão adquirindo know-how, importando modelistas e estilistas, sem contar que têm muita tecnologia e um batalhão de trabalhadores. Já melhoraram em qualidade de costura e tecido, mas ainda perdem em estilo.

Tendência de alta

As calcinhas chinesas ainda não são nem 20% do total que está nas lojas. Mas a expectativa é de que esse volume cresça, uma vez que as condições, para eles, são favoráveis. E não é só em bancas de pequenas lojas que elas podem ser encontradas no Brasil — grandes redes já estão vendendo também.

Criatividade

Para driblar a concorrência, a saída é lançar mão da criatividade. Segundo Amim Mazloum, as indústrias estão explorando nichos para compensar a guerra de preços. Produtos diferenciados para gordinhas, grávidas, mulheres com pouco peito ou menos bumbum do que gostariam são os trunfos dos produtores brasileiros. Até o governador Sérgio Cabral aprovou a estratégia: durante o Fashion Business, em janeiro, posou para fotos segurando uma calcinha turbinada, que ganhou no evento.

Impostos e contrabando

A concorrência com produtos chineses, que começa a ficar acirrada para a indústria têxtil, é mais culpa do Brasil do que da China, segundo o próprio setor.

— Os chineses estão fazendo o que eles consideram certo — disse Fernando Pimentel, diretor-superintendente da Associação Brasileira de Indústria Têxtil e de Confecção (Abit).

Além das barreiras tributárias, o setor ainda enfrenta a concorrência ilegal.

— Metade do vestuário que o Brasil importa está dentro dos preços normais de US$ 14 o quilo, por exemplo. A outra metade vem de forma ilícita, a US$ 3 o quilo, o que não paga nem a matéria-prima.

De acordo com Pimentel, se as condições não mudarem, muitos empregos estarão ameaçados:

— Estamos ajudando os chineses a criar emprego lá em detrimento dos nossos aqui.

Segundo a Confederação Nacional da Indústria, não é só o setor têxtil que vem sofrendo com a presença chinesa. Uma em cada quatro empresas concorre com os importados da China. Conforme pesquisa da entidade, o país comunista, tirou clientes de 58% das empresas brasileiras que disputam o mercado externo.

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