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Danah, que já prestou serviços a Intel, Yahoo e Google  e hoje trabalha para a Microsoft: pesquisas sobre o futuro das redes sociais | Adam Tinworth/www.danah.org
Danah, que já prestou serviços a Intel, Yahoo e Google e hoje trabalha para a Microsoft: pesquisas sobre o futuro das redes sociais| Foto: Adam Tinworth/www.danah.org

Você usa Orkut, YouTube, blog, Twitter? Já pensou por que faz isso? A pergunta pode parecer um tanto banal, já que ter pelo menos um perfil em uma rede social é coisa bem comum hoje. Mas sabia que a motivação para a sua vida social na web pode vir muito além do manjado discurso de se conectar e se comunicar com os amigos?

Cheia de piercings, com roupas em estilo hippie e em nada parecida com o estereótipo de pesquisadora acadêmica, a norte-americana Danah Boyd tornou-se uma das principais cabeças no estudo da explosão de "mídias sociais" no mundo inteiro, onde internautas não só contatam amigos, "como conhecem pessoas, compartilham informação e suprem a necessidade de contato em uma sociedade violenta e obcecada pelo trabalho", justifica.

Danah, que mantém o blog www.danah.org, debruça-se sobre os hábitos sociais dos internautas desde 1998, quando ficou intrigada com a interação em listas de discussão. Na época nem se cogitava a existência de Facebook, Orkut ou MySpace. Onze anos depois, já viajou o mundo todo dando palestras, terminou o mestrado em comportamento nas redes sociais, foi futuróloga de Intel, Yahoo e Google – agora dá expediente na Microsoft – e é figurinha requisitada em discussões sobre web 2.0.

Com todo esse currículo nas costas, era de se esperar que a norte-americana tivesse um pensamento que fuja do óbvio. E tem. Sabe por que o Orkut pegou no Brasil? Até agora, o que se ouvia era que os brasileiros eram mais sociáveis que os outros internautas. "Bobagem", disse Danah ao Link em sua visita mais recente ao Brasil, no ano passado. "Foi uma mistura de concorrência com os EUA e de amizades entre Rio e São Paulo", explica a acadêmica, que fez uma pesquisa no país.

Segundo ela, o fenômeno social é mundial. "As pessoas gostam de compartilhar. Isso dá status social, uma forma de se conectar às outras pessoas. E não é a tecnologia que trouxe isso. Somos biologicamente programados para sermos sociais. Só que as possibilidades aumentaram. Se antes ter status social significava colocar uma roupa legal, hoje é estar em blogs, redes sociais ou sites de vídeo."

Danah diz que um dos reflexos exacerbados por essa mudança é que o internauta quer ganhar muita atenção. "Todos querem ser especiais para serem notados na multidão." Para quê? Para aumentar o círculo de amizades. Um dos principais atrativos das redes é ter o meu perfil a alguns cliques de distância de outras pessoas desconhecidas – e que podem interessar para amizades ou algo mais...

"As redes como o Twitter possibilitam que mesmo quem não seja amigo leia o que eu posto e, assim, se interesse por mim, seja para bater papo, flertar ou mesmo sexo, que é uma das maiores motivações das pessoas na rede. Isso não era possível há alguns anos pelo Messenger, por exemplo, em que só se conversava com amigos. Nessa época, sexo pela web era só com os amigos."

Nesse ambiente, aponta, mais do que simplesmente se conectar aos amigos, a vida social de cada um de nós se transfere cada vez mais para a web em detrimento do contato físico. "As pessoas hoje vivem um desejo de consumo desenfreado. Isso causa uma pressão para que trabalhem cada vez mais. E o social, fisicamente falando, se perde por falta de tempo. As redes são o substituto."

Essa virtualidade, ao contrário do que se possa pensar, não torna as relações superficiais, aponta Danah. Ao contrário disso, ela afirma que nunca se teve os amigos tão próximos e íntimos como hoje. "Os amigos estão sempre com você, a um clique."

E isso ainda deve ganhar proporções maiores. Para Danah, por conta da mobilidade. No celular, será possível saber os amigos ou os amigos dos amigos que estão próximos a você, num bar, por exemplo. Hoje, há várias experiências, mas nenhuma ainda "pegou". "A internet no celular é ainda cara. Mas, no futuro, os amigos estarão no bolso, a qualquer hora."

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