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Atualizado em 23/11/2006 às 19h15

Os dois principais sites de comércio eletrônico do país, Americanas.com e Submarino, anunciaram nesta quinta-feira a fusão de suas operações. Segundo analistas, a união cria uma empresa com cerca de 60% do mercado de varejo online brasileiro.

A fusão - que deve ser concluída até o final do ano, de acordo com as empresas - cria a B2W Companhia Global de Varejo, que terá 53,25% do capital social total e votante nas mãos das Lojas Americanas, controladora da Americanas.com. O restante ficará com os acionistas do Submarino, a quem a empresa fará proposta de distribuição de até meio bilhão de reais em dividendos.

- A operação é positiva para as empresas por conta das sinergias que vão desde produtos, logística e poder de negociação junto a fornecedores - disse um analista de um grande banco que acompanha as ações do Submarino e pediu para não ser identificado.

Na avaliação dele, a meta dos controladores das Lojas Americanas será a venda das ações pois são investidores financeiros.

-Creio que o objetivo final seria pulverizar o capital das Lojas Americanas mais para frente, talvez já no próximo ano... Eles (controladores) estão fazendo de tudo para que o mercado perceba as Lojas Americanas da melhor maneira possível.'

No início dos negócios, após suspensão na abertura do pregão na bolsa paulista, as ações do Submarino chegaram a disparar mais de 23%, enquanto as das Lojas Americanas saltaram mais de 4%.

Às 14h, os papéis do Submarino ganhavam 17,14%, cotados a R$ 61,50, e os de Lojas Americanas indicava estabilidade, a R$ 98. No mesmo horário, o referencial Ibovespa avançava 0,75%.

Para um outro analista, os acionistas do Submarino têm mais a ganhar do que os da Lojas Americanas:

- Além de os acionistas do Submarino terem uma remuneração de R$ 500 milhões, passarão a ter participação em uma empresa com uma infra-estrutura muito maior - disse.

O acordo é o mais recente a mostrar a força dos bilionários Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles, grupo de investidores que controla as Lojas Americanas. Eles são fundadores da GP Investimentos, que esteve envolvida na criação do Submarino e era dona do Banco Garantia.

Em 1998, no entanto, o Garantia foi vendido ao Credit Suisse. Em 2004, os executivos estiveram envolvidos na criação da maior cervejaria do mundo, a InBev, a partir da união da nacional AmBev com a belga Interbrew.Sinergias

As empresas previram que a fusão gerará sinergias de aproximadamente R$ 800 milhões, colocando a nova companhia em posição de disputar o mercado de varejo brasileiro avaliado em mais de R$ 200 bilhões. Dos cerca de R$ 1,6 bilhão de faturamento conjunto de janeiro a setembro, R$ 563 milhões são relativos ao Submarino e o restante à Americanas.com.

Pelos cálculos da fonte, o acordo permitirá reajuste nos preços de CDs, DVDs e livros por conta da diferença em relação aos competidores.

- Com isso, um aumento de 4% nos preços desses itens representa um crescimento de 1,5% no faturamento da nova empresa.

O diretor de estratégia da empresa de análise de mercado E-Consulting, Daniel Domeneguetti, acredita que a fusão possibilita um melhor aproveitamento do consumidor "off line"'' em um momento de crescimento orgânico da Internet brasileira.

- O objetivo deles é o consumidor off line. Eles querem explorar o mercado de R$ 200 bilhões, não de R$ 5 bilhões - afirmou, acrescentando que de cada venda na Internet existem quatro outras feitas no mundo físico e que partiram da Web.

- Eles estão preferindo ser peixe-espada em oceano do que tubarão em lagoa.'Dividendos

A fusão precisa ser apreciada pelos acionistas do Submarino. Os das Lojas Americanas já aprovaram.

Os administradores do Submarino vão submeter uma proposta a seus acionistas de redução de capital e distribuição de dividendos de até R$ 500 milhões.

Após a conclusão do acordo, as Lojas Americanas farão um aumento de capital da Americanas.com de pelo menos R$ 175 milhões.

O Submarino, que estreou na Bovespa em março de 2005, mais que dobrou seu lucro líquido no terceiro trimestre em relação ao mesmo período do ano passado, para R$ 17,5 milhões. A companhia teve no período um total de 1,7 milhão de clientes.

A Americanas.com surgiu em 1999 e afirma possuir cerca de 6 milhões de clientes. O número inclui operações do canal de TV Shoptime, do grupo Lojas Americanas que, por sua vez, tem cerca de 220 lojas no país.

Segundo a empresa de pesquisa e-bit, as vendas online no Brasil somaram nos primeiros seis meses do ano R$ 1,75 bilhão, aumento de 80% frente aos R$ 974 milhões na primeira metade de 2005. A expectativa é de que o setor obtenha faturamento de R$ 4 bilhões em 2006.

A expectativa é de que a fusão seja concluída até 31 de dezembro, estando sujeita à aprovação dos acionistas do Submarino e necessitando, também, do aval de agências reguladoras e órgãos de defesa da concorrência.

Até que a operação seja concluída, ambas as empresas seguirão com suas operações de forma independente.

De acordo com nota distribuída à imprensa, a B2W será co-presidida pelos atuais presidentes da Americanas.com, Anna Saicali, e do Submarino, Flávio Jansen. A companhia terá sede social em São Paulo, com centros operacionais não apenas na cidade, mas também no Rio de Janeiro.

Os assessores financeiros do negócio são Banco Credit Suisse, pelo Submarino, e Citigroup, pela Lojas Americanas.

A assessoria jurídica ficará a cargo dos escritórios Mattos Filho Veiga Filho Marrey Jr. e Quiroga Advogados, pelo Submarino, e Barbosa, Müssnich e Aragão Advogados, representando a Lojas Americanas.Standstill

Cada ação atual do Submarino será substituída por uma ação de B2W, sendo que os detentores destes papéis receberão uma distribuição extraordinária de R$ 500 milhões. Já as Lojas Americanas farão uma capitalização de R$ 175 milhões da Americanas.com antes da transação.

Além disso, a Lojas Americanas assinará um termo, conhecido como "standstill", no qual é limitada, entre outros pontos, sua capacidade de adquirir ações adicionais da B2W, além de níveis pré-determinados e sem a aprovação da maioria dos membros independentes do Conselho de Administração.

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