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Espera pelo voo: soneca é um dos hábitos menos frequentes nos aeroportos brasileiros. Será? | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
Espera pelo voo: soneca é um dos hábitos menos frequentes nos aeroportos brasileiros. Será?| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

Gargalos põem expansão em xeque

Carga tributária elevada e deficiências de infraestrutura reduzem a competitividade do produto nacional e limitam o crescimento econômico

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Queridinho da economia mundial desde a crise de 2008, o Brasil entrou na berlinda nas últimas semanas em razão das baixas expectativas de expansão em 2012, da forma como vem combatendo os efeitos da crise internacional e da falta de um plano de reformas e de investimentos para garantir um crescimento de médio prazo mais robusto.

Em meio à piora do cenário global, a lua-de-mel do mercado internacional com o Brasil parece ter azedado com a observação de que o país ainda não começou a atacar velhos problemas, como as deficiências na área de infraestrutura, que continuam a tragar produtividade e competitividade das empresas, e o sistema tributário arcaico e complexo, que ajuda a inflar o chamado custo Brasil.

As previsões de crescimento para 2012 vêm caindo rapidamente e cresce o número de analistas que projeta um avanço para o Produto Interno Bruto (PIB) igual ou até mesmo inferior aos 2,7% registrados no ano passado. O resultado do PIB, divulgado na sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrou que o Brasil praticamente parou no primeiro trimestre deste ano, com um avanço de apenas 0,2% em relação aos três últimos meses de 2011 e de 0,8% em relação ao mesmo período do ano passado. Foi o pior desempenho entre os países dos Brics.

A revista britânica The Economist publicou reportagem há cerca de duas semanas em que reforça que, após ter reduzido a desigualdade de renda e ter crescido 7,5% em 2010, o Brasil em tido um desempenho abaixo dos outros emergentes. Segundo a publicação, serão necessários ganhos de produtividade, poupança e investimento para dar um novo impulso à economia brasileira. "Mas não há sinal disso" diz a revista.

"Os estrangeiros descobriram que não existe pote de ouro atrás do arco-íris", compara Julio Suzuki, diretor de pesquisa do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico Social (Ipardes). Segundo ele, o Brasil, embora tenha acertado ao tomar medidas de incentivo ao consumo interno – como queda nos juros e desonerações – não possui uma "carta na manga" como, por exemplo, a redução dos gastos públicos que possibilite aumentar investimentos. Ao contrário da China, que tem uma situação fiscal mais equacionada, o Brasil ainda tem gastos elevados, o que limita aumento de investimentos e inibe desonerações mais expressivas.

Carga tributária elevada, problemas de infraestrutura e burocracia, além da baixa taxa de investimento, são alguns dos gargalos que podem colocar em xeque um crescimento sustentado.

Armando Castelar, coordenador de Economia Aplicada do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), considera que se por um lado o país se livrou de alguns vícios no passado, por outro ainda mantém problemas antigos, como a lentidão em fazer melhorias nas áreas de educação, infraestrutura, produtividade e ambiente de negócios.

Os pontos fortes ficam por conta do baixo nível de desemprego, aumento da renda e o potencial do consumo. Mas, com ambiente externo mais complicado, o país passa agora a ser olhado de um ponto de vista "mais realista", segundo Lucas Dezordi, economista-chefe da Inva Capital. "Trata-se de uma análise mais fundamentalista, identificando setores que cresceram com ganhos de produtividade e os que avançaram mais alavancados no crédito. Esse movimento não é necessariamente ruim, porque o excesso de otimismo pode dar origem a movimentos pouco racionais de mercado", diz.

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