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O lucro líquido básico da Vale - excluindo efeitos não recorrentes, como câmbio e perdas monetárias - ficou em R$ 22,182 bilhões em 2012, queda de 43,4% em relação ao de R$ 39,169 bilhões verificado em 2011. Considerando só o quarto trimestre, o ganho foi de R$ 4,102 bilhões, queda de 54,1% na comparação com o de R$ 8,931 registrado no mesmo período de 2011. Antes da divulgação dos números da empresa, era consenso entre analistas de mercado que os resultados financeiros da Vale no último trimestre fossem piores que os de um ano antes.

Nesse cenário, as ações da Vale mais negociadas passaram a maior parte do dia em baixa, chegando a atingir, às 13h06 (horário de Brasília), a cotação mínima de R$ 34,37, com queda de 2% em relação ao fechamento de ontem. Mas os papéis ganharam força ao longo da tarde acompanhando o bom desempenho das Bolsas americanas e terminaram o dia com valorização de 0,85%, a R$ 35,45. O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, subiu 0,57%, aos 57.273 pontos.

China

Analistas ouvidos pela Folha de S.Paulo apontam o aumento da demanda pelo minério de ferro, principalmente a partir da China, como fator positivo para a Vale em 2013. "A melhora do mercado de minério de ferro ocorre após o anúncio de um pacote de estímulos na China no fim do terceiro trimestre de 2012. Além disso, os volumes devem apresentar melhoras significativas em razão do estoque das siderúrgicas chinesas e devido às condições climáticas no inverno que dificultam a extração do minério de ferro no país", afirmou o analista Aloizio Lemos, da Ágora Corretora.

Os números da balança comercial brasileira apontam crescimento de 18% nas exportações de minério entre outubro e dezembro do ano passado, em relação ao desempenho do terceiro trimestre (e aumento de 4% em relação ao quarto trimestre de 2011). Já os preços do minério no mercado à vista chinês foram 7,9% maiores que os praticados entre julho e setembro de 2012. "Esses números são animadores para um trimestre que é normalmente mais fraco", diz o analista Luiz Caetano, da Planner Corretora.

"Acreditamos que os resultados já estão refletidos nos preços nas ações da companhia e, portanto, o balanço não deve ser um vetor para o desempenho do papel", diz Catarina Pedrosa, do Banco Espírito Santo. Na avaliação de Victor Penna, analista do BB Investimentos, as perspectivas para Vale continuam pautadas no desempenho da economia da China, pois a maior parte das exportações da mineradora é para lá. "A tendência é que a demanda continue aquecida. A China tem um volume de investimentos em infraestrutura elevado, o que tem impacto na demanda por minério", afirma.

O analista ressalta que o Departamento Nacional de Estatísticas da China divulgou relatório sobre o desenvolvimento econômico e social do país em 2012 que, além de citar que o PIB (Produto Interno Bruto) cresceu 7,8% em relação ao ano anterior, destacou que a inflação, mesmo subindo, ainda esteve abaixo da meta do governo chinês no ano. O nível de emprego no país também teve aumento, assim como a população urbana, que cresceu 1,3% em relação a 2011 e atingiu 711 milhões de pessoas.

"Isso tudo comprova que o país continua investindo forte. Como a China é a segunda maior economia do mundo, isso acaba se refletindo nas demais, inclusive no Brasil, que é um grande fornecedor de matéria-prima para a China", afirmou Penna. "Projeto um valor superior a 260 milhões de toneladas de venda de minério em 2013 para a Vale", acrescentou.

Terceiro Trimestre

No terceiro trimestre, com o minério de ferro mais barato e consumo menor, o lucro líquido da empresa foi 57,8% menor que no mesmo período de 2011 e ficou em R$ 3,328 bilhões.

Na comparação com o desempenho do segundo trimestre de 2012, a queda foi de 37,4%. No acumulado do ano até o terceiro trimestre, o lucro ficou em R$ 15,362 bilhões, queda de 47,9% em relação ao do mesmo período de 2011. À época, a empresa afirmou que seu desempenho "refletiu os desafios decorrentes da volatilidade dos preços em queda, que ocorre devido à desaceleração do crescimento econômico global, combinando os efeitos da demanda menor por minérios e metais com expectativas negativas".

A Vale disse ainda que seus principais indicadores financeiros, "apesar de enfraquecidos em comparação com o trimestre anterior", permaneceram sólidos. "A mineração é fundamentalmente uma indústria cíclica e, portanto, exposta à alta volatilidade de preços. Neste ambiente e à luz das perspectivas de expansão mais moderada da economia mundial nos próximos anos, maior produtividade e custos menores serão de suma importância para prosperar em um mercado global competitivo", diz o comunicado.

No terceiro trimestre, a Vale gerou uma receita de R$ 22,2 bilhões, 7% abaixo dos R$ 23,9 bilhões do segundo trimestre. "O decréscimo foi resultado de menores preços realizados", disse a Vale, em nota. Os investimentos, excluindo aquisições, atingiram US$ 4,3 bilhões no terceiro trimestre, em linha com o resultado do segundo trimestre, e cresceram 8,4% no acumulado do ano -US$ 12,3 bilhões em 2012, ante US$ 11,3 bilhões no ano passado.

Ainda em ocasião do balanço do terceiro trimestre, a Vale informou que o principal foco na execução de seus projetos é em ativos com "longa vida", baixo custo, produção de alta qualidade e capacidade de expansão, como Carajás S11D e Moatize. "Nesse contexto, a diversificação ainda é prioridade estratégica, desde que o investimento em ativos fora do minério de ferro se prove capaz de criar valor significativo".

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