Em discurso na solenidade de formalização da entrada da Venezuela no Mercosul, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou claro que o ingresso do novo sócio não significará que o bloco se renderá a discussões ideológicas, como dizem alguns críticos. Tampouco afetará as relações dos países do Cone Sul com os Estados Unidos.
- Ninguém vai importar ideologias ou vai vender ideologias, nós vamos trocar experiências científicas e tecnológicas, vamos trocar produtos. Até agora não vi nenhum conflito, vi uma guerra verbal. A Venezuela não deixou de vender nem um litro de petroleo para os Estados Unidos, nem os Estados Unidos deixaram de comprar nenhum litro da Venezuela - disse Lula.
Lula disse que, com o ingresso da Venezuela, o Mercosul tomará dimensões continentais. Para agradar ao presidente Hugo Chávez, o presidente brasileiro fez questão de lembrar que o Brasil não está com os venezuelanos apenas na área comercial: os brasileiros apóiam a candidatura da Venezuela como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU.
Lula reconheceu mais uma vez que os países menores do bloco precisam ser beneficiados por medidas que corrijam as assimetrias entre as economias do Mercosul, especialmente Uruguai e Paraguai. Segundo ele, um sócio a mais poderá ajudar nesse processo. Lula observou, no entanto, que as eleições nesses países influenciam o nível de demandas.
- Temos um problema no Mercosul. Problema quando os países menores culpam os países maiores pelos seus problemas. Isso só o tempo vai tratar de consertar. É normal esse acirramento em época de eleições - disse.
Ainda defendendo o ingresso da Venezuela no Mercosul, Lula lembrou que em todos os blocos onde houve integração, como a União Européia, ocorreram divergências. E citou como exemplo a França e a Alemanha, que, depois da Segunda Guerra Mundial, decidiram ajudar os países menores, como Espanha e Portugal.
- Estamos fazendo mais do que um acordo econômico e comercial, estamos fazendo um ato histórico de integração do continente. Nós temos obrigação de ajudar os países mais pobres a se desenvolverem. Se o Paraguai tem problemas no seu desenvolvimento, nós temos que ajudá-lo.
Para Lula, o que deve ser motivo de preocupação no mundo é o fato de que metade dos países estão vivendo em miséria absoluta. O presidente afirmou que é preciso encontrar soluções, e não ficar culpando uns aos outros.
- Nós não vamos encontrar solução para o Mercosul se ficarmos jogando a culpa dos nossos problemas nas costas dos outros. Os nossos problemas são nossos e temos de tratar de resolvê-los - disse Lula.
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