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Guido Mantega
Guido Mantega é mal visto no mercado pela recessão no governo Dilma| Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil

Após a tentativa fracassada de emplacar o ex-ministro Guido Mantega na presidência ou no conselho de administração da Vale, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) agora estuda a possibilidade de indicá-lo para o conselho administrativo da Braskem, segundo fontes próximas ouvidas pela Folha de São Paulo. O governo é sócio da gigante petroquímica através da Petrobras, com 36,1%, e há a possibilidade de que outra sócia grande – a Novonor (antiga Odebrecht) – se desfaça de 38,3% do capital que possui.

Mantega esteve reunido na tarde de quarta-feira (13) no Palácio do Planalto com o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, para tratar do assunto, em uma reunião que não consta na agenda oficial segundo dados apurados pela Gazeta do Povo. Fontes do governo apontam que o ex-ministro da Fazenda foi convocado na véspera, terça-feira (12), coincidindo com a audiência do presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, com Lula.

O mandato de 10 dos 11 conselheiros da Braskem expira em abril, incluindo os quatro assentos da Petrobras, todos vagos a partir do próximo mês, e os da Novonor. Os mandatos do presidente do conselho, José Mauro Mettrau Carneiro da Cunha, e do vice, Eduardo Bacellar Leal Ferreira, indicados por Novonor e Petrobras, também terminam nessa leva.

Segundo um interlocutor do presidente Lula ouvido pela Folha, a indicação de Mantega agora depende de procedimentos burocráticos, com um mandato de dois anos em vista. Nem o ministro-chefe da Casa Civil e nem Mantega responderam aos pedidos de manifestação sobre a possibilidade de sua nomeação para o conselho da Braskem.

Lula tenta ampliar poder estatal em empresas que governo é sócio

A entrada de Mantega na Braskem pode ser parte da estratégia de “rodízio” proposta pelo Palácio do Planalto para os conselhos de empresas em que o governo possui assento. Rui Costa mencionou essa possibilidade ao discutir a entrada no conselho da Petrobras de um indicado de Fernando Haddad (Fazenda), acrescentando que isso também seria aplicado em outros colegiados.

“Esse rodízio nós vamos fazer em outros lugares, rodízio de pessoas de um conselho para outro. Até para oxigenar os conselhos das estatais a gente vai fazer com algumas pessoas esse rodízio. Não é exclusivo da Petrobras, nós haveremos de fazer esse rodízio em outros conselhos também”, disse Costa na última terça (12) em um evento no Palácio do Planalto.

A busca por uma posição para Mantega vem desde o ano passado, quando Lula tentou sua indicação à presidência da Vale, enfrentando resistência do mercado e das regras rígidas para a escolha do presidente e do conselho da empresa.

Lula defende Mantega, atribuindo injustiça às acusações de que ele seria responsável pela crise econômica durante o governo de Dilma Rousseff (PT). O ex-ministro, que comandou a Fazenda de 2006 a 2015 nas gestões do PT, também ocupou cargos como titular do Planejamento no primeiro mandato de Lula e presidente do BNDES.

Desde a semana passada, o governo vem enfrentando crises envolvendo estatais: a retenção de dividendos extraordinários pela Petrobras e a renúncia de um conselheiro da Vale, que denunciou interferências políticas no processo de sucessão da empresa.

Jean Paul Prates, presidente da Petrobras, admitiu que a decisão de reter os recursos foi tomada pelos ministros e por Lula, provocando reações negativas no mercado, que teme mais interferências na empresa, cujo maior acionista é a União.

Na Vale, o conselheiro José Luciano Duarte Penido denunciou “nefasta influência política” na companhia, após a tentativa de Lula em emplacar Mantega na presidência. Dos 13 conselheiros, apenas Penido e Paulo Hartung foram contrários à solução para a sucessão de Eduardo Bartolomeo na presidência da empresa, mantendo-o no cargo até o final do ano.

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