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Paulo Skaf, da Fiesp, rebateu ontem críticas do ministro Carlos Lupi: momento atípico pede alternativas | Wilson Dias/ABr
Paulo Skaf, da Fiesp, rebateu ontem críticas do ministro Carlos Lupi: momento atípico pede alternativas| Foto: Wilson Dias/ABr

Pacotão

Desde que a crise começou a respingar na economia real, o governo brasileiro anunciou uma série de medidas para tentar neutralizar os efeitos e manter os níveis de emprego.

MEDIDAS JÁ ANUNCIADAS

Beneficiado: Indústria Automotiva

Redução de 7% para zero do IPI sobre os carros populares até mil cilindradas (1.0). Para carros até duas mil cilindradas (2.0) a taxa foi reduzida de 13% para 6,5%. Já para carros a álcool, acima de 1.0, a alíquota caiu de 11%, para 5,5%.

Beneficiado: Indústria Automotiva

Redução de 3,38% para 0,38% na alíquota do IOF cobrado no financiamento de motos para pessoas físicas.

Beneficiado: Sistema Financeiro

Para atenuar a restrição ao crédito e injetar mais dinheiro na economia, o Banco Central anunciou mudanças nas regras do depósito compulsório – dinheiro que os bancos são obrigados a pagar ao BC – incidente sobre depósitos a prazo. A estimativa do BC é de que a medida libere cerca de R$ 23,5 bilhões.

Beneficiado: Pessoas físicas

Redução da alíquota do IOF de 3% para 1,5% na contração de empréstimos por pessoas físicas.

Beneficiado: Cerca de 24 milhões de contribuintes

Para 2009 o governo anunciou a criação de duas alíquotas intermediárias no Imposto de Renda, o que resultará em um recolhimento menor de impostos pela classe média. O Fisco deixará de recolher mais de R$ 4,9 bilhões para que o dinheiro seja destinado ao consumo.

Beneficiado: Setor de infraestrutura

O governo promete a manutenção dos investimentos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O presidente Lula afirma que não vai faltar dinheiro para gastar com o objetivo de gerar emprego na construção civil, habitação e rodovias.

Beneficiado: Sistema Financeiro

O governou autorizou, por meio de medida provisória (MP), que o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal comprem participações em outras instituições financeiras em dificuldades.

MEDIDAS EM ESTUDO

Beneficiado: Trabalhadores do setor produtivo

As liberações de empréstimos com recursos do FAT e do FGTS serão condicionadas à garantia de manutenção dos empregos. Com base no cruzamento das informações do BNDES com os dados do Caged, o governo pode restringir novos empréstimos para empresas que tomaram recursos públicos e, em seguida, demitiram trabalhadores.

Beneficiado: Trabalhadores desempregados

O governo pode aumentar para 10 o número de parcelas do seguro-desemprego em setores com alto índice de desemprego.

Beneficiado: Setor imobiliário

O governo deve anunciar nos próximos dias um pacote de apoio à construção civil. O principal ponto será a criação de um fundo garantidor para reduzir o risco dos bancos no financiamento imobiliário de famílias de baixa renda. Outras medidas são a criação do Cadastro Positivo e de um cadastro único de matrícula de imóveis.

O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, reafirmou ontem que as empresas não podem usar a crise como pretexto para realizar demissões em massa e que não haverá mais liberação de recursos para empresas sem garantia de emprego. Além disso, Lupi voltou a afirmar que o governo estuda punir empresas beneficiadas com recursos e isenções federais anticrise que venham a dispensar funcionários.

A principal arma do governo, até agora, parece ser o bloqueio de empréstimos com recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) às companhias que não derem garantia de que irão manter os empregos. "Se não tiver emprego, isso eu garanto, não sai mais um centavo", reafirmou Lupi. Fora isso, o ministro não deu mais detalhes sobre o tipo de punição nem quais empresas ou setores poderão ser atingidos. "Estamos analisando tecnicamente que tipo de sanção e como isso pode ser feito", disse.

Na opinião de especialistas, a punição anunciada não encontra base jurídica para ser aplicada e uma queda de braços entre o governo e a classe empresarial representaria um retrocesso institucional, podendo agravar ainda mais os efeitos da crise.

"Não se pode cair nessa armadilha de punir as empresas. Ela é infrutífera e a chance de dar errado é muito grande. A princípio, nenhuma empresa quer demitir pura e simplesmente, e sim reduzir custos para sobreviver", avalia o professor de economia da Trevisan Escola de Negócios, Alcides Leite. "Do ponto de vista social, seria importante manter os empregos. Mas, na prática, as empresas não têm obrigação de mantê-los pois não há instrumentos legais que garantam a estabilidade", completa.

Caged

Na próxima segunda-feira, Lupi vai divulgar o resultado do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) relativo a dezembro e o acumulado de 2008. A expectativa é de que o número de demissões em dezembro supere a média histórica do período.

Após a divulgação, o ministro vai se reunir com o presidente Luís Inácio Lula da Silva, quando deve anunciar a ampliação do número de parcelas do pagamento do seguro-desemprego aos trabalhadores de segmentos mais afetados por demissões.

Para o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Rodrigo da Rocha Loures, em vez de pensar em punir as empresas, o governo deveria criar regras próprias que atendam às peculiaridades do momento econômico. "O que há até agora são medidas superficiais. Seria muito mais vantajoso, do ponto de vista da manutenção dos empregos, o governo baixar as taxas de juros e desonerar a folha de pagamento do que, por exemplo, reduzir a alíquota do IPI sobre veículos", aponta.

Diálogo

Segundo Rocha Loures, a Fiep está fazendo consultas com as empresas para entender com maior precisão a situação local em relação ao emprego. "Os sindicatos empresariais estão se preparando para poder dialogar com os sindicatos dos trabalhadores. A perspectiva é mais pelo diálogo, já que há um interesse comum em juntos acharmos uma saída para a crise", afirma.

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