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Mitsuru Nakayama, diretor do Brazil Venture Capital (à frente) e Atsushi Okubo, diretor-presidente da Jetro no Brasil.
Mitsuru Nakayama, diretor do Brazil Venture Capital (à frente) e Atsushi Okubo, diretor-presidente da Jetro no Brasil.| Foto: Patrícia Basilio

O Japão ocupa a 9ª posição entre os países que mais investem no Brasil e o avanço da tecnologia e da inovação pode fazer com que o gigante asiático injete ainda mais dinheiro por aqui. Pesquisa realizada pela Organização Oficial de Comércio Exterior e Investimentos do Japão (Jetro, na sigla em inglês) junto das empresas que integram a Câmara de Comércio e Indústria Japonesa no Brasil aponta que 26% delas querem criar startups no país, enquanto 17% planejam investir ou comprar empresas brasileiras desse modelo.

No presente cenário de investimentos, as startups que mais recebem investimento japonês são de agricultura, que somam 22% do total de aportes. De acordo com Francisco Jardim, fundador da gestora de capital de risco SP Ventures, o perfil brasileiro é o chamariz para o segmento: o país é o maior exportador de sete importantes produtos agrícolas (como soja, açúcar e suco de laranja), o que justifica o interesse japonês por agtechs do Brasil, que "desenvolve muita ciência de ponta para o agronegócio”, garante.

Ainda entre as startups investidas por capital japonês, aparecem na sequência das agtechs as empresas de tecnologia da informação (13%), fintechs e empresas de solução em logística (com 9% cada), e as companhias de mobilidade, saúde e infraestrutura (cada uma com 6%).

Não para no campo

Nascido em Tóquio e radicado no Brasil desde 2012, o diretor da Brazil Venture Capital, Mitsuru Nakayama, se mudou para este lado do mundo com o objetivo de investir em startups, estimulado pelo potencial econômico e pelo tamanho do mercado consumidor latino-americano.

Sobre as fichas que vem apostando em companhias tupiniquins como investidor de risco, Nakayama argumenta que "cada país é um caso. Quem investe em Israel, quer levar tecnologia ao Japão. Já quem investe no Brasil, quer acessar o mercado. É uma concorrência gigantesca a menos. Dá para trazer tecnologia do Japão para cá para testar e monetizar”, resumiu o investidor, que participou do Encontro de Inovação Aberta Brasil-Japão, realizado esta semana em São Paulo.

Atentos às potencialidades, os japoneses percebem também uma oportunidade para diversificar investimentos de longo prazo, acredita Nakayama: “o Japão é pequeno e está envelhecendo. A área de inovação é interessante porque não exige muito dinheiro. Com US$ 1 milhão é possível investir num fundo de venture capital”, completou.

Potencialidades por explorar

Apesar da parceria comercial de longa data, a relação Brasil-Japão na área de inovação ainda é tímida, uma vez que os japoneses desconhecem o potencial dos empreendedores brasileiros, advertiu Atsushi Okubo, diretor-presidente da Jetro no país. “Para obter mais apoio, 40% das companhias enviam seus principais executivos para desbravar o Brasil”, explicou.

Ex-subsidiária da Mitsubishi, a Accesstage é uma dessas empresas nipo-brasileiras que procuram companhias inovadoras, mas no ramo das fintechs. Em 2018, a companhia investiu mais de R$ 50 milhões em seis companhias brasileiras.

“Queremos startups que tenham sinergia com o nosso negócio e que possam crescer com a nossa estrutura”, afirmou Celso Sato, presidente da empresa e neto de japoneses, que ainda avaliou como positivas as diferenças culturais. “Em países desenvolvidos, há uma cartilha rigorosa da vida; por este motivo, o japonês é sistemático. A cartilha do brasileiro, por outro lado, é cheia de desvios, e isso gera criatividade”, destacou Sato.

Com as novas operações, o empresário espera fechar 2019 com R$ 100 milhões em faturamento, 33% a mais do que o número alcançado no ano passado.

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