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Em balanço divulgado nesta quinta-feira, 629 (96% do total) negociações de reajustes salariais - das 656 analisadas pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) – garantiram o poder de compra do trabalhador brasileiro em 2006. Isso foi garantido pelos reajustes das datas-bases anteriores que foram superiores ao Índice Nacionao de Preços ao Consumidor (INPC), calculado pelo IBGE.

O resultado foi o melhor apurado desde a implantação do Sistema de Acompanhamento de Salários (SAS) do Dieese, em 1996. As negociações, no ano passado foram favorecidas pelo desempenho bom econômico – ainda que insuficiente – e pela inflação estabilizada em patamares inferiores aos tradicionalmente vigentes no Brasil.

Assim, as entidades sindicais representativas dos trabalhadores asseguraram em 86% das negociações registradas no SAS reajustes superiores à inflação. Isso significa que na grande maioria delas foram conquistados ganhos salariais reais, em comparação com o ano anterior. Mesmo com o desempenho positivo, os ganhos registrados em 2006 ainda não foram suficientes para compensar as perdas salariais apuradas entre meados da década de 90 e início dos anos 2000.

De 1996 a 2003, aproximadamente 43% das negociações praticadas resultaram em reajustes inferiores ao INPC. Em 2003, quando foi constatado o pior resultado das negociações de reajustes salariais desde que o Dieese passou a acompanhá-los de forma sistemática, quase 60% das unidades de negociação então observadas não garantiram sequer a reposição inflacionária e menos de 20% obtiveram aumentos reais de salários.

Distribuição dos reajustes

A distribuição dos reajustes pelos setores econômicos mostra que a proporção de percentuais equivalentes ou maiores que a variação do INPC é praticamente igual na indústria (96,9%), no comércio (96,5%) e nos serviços (95,8%). No entanto, a freqüência de aumentos reais de salários é menor no setor de serviços: 81% contra 91% no comércio e 89% na indústria.

No que diz respeito à data-base, a maioria das negociações observadas – cerca de 80% – ocorreu no primeiro semestre do ano. Apenas 136 registros (21%) foram efetuados no período compreendido entre julho e dezembro, ficando maio como o mês que concentra o maior volume de negociações (225 ou 35% do total). O percentual de categorias com aumentos reais de salários é ainda mais significativo no segundo semestre, característica que se justifica pela queda da inflação acumulada associada ao aumento do nível de atividade econômica.

Avaliação

Segundo o Dieese foram bastante positivos os resultados das negociações de reajustes salariais em 2006, ano que se caracterizou por baixos patamares inflacionários e pelo crescimento – embora insatisfatório - da economia nacional.

Na medida em que o INPC acumulado no ano regrediu, passando de 10,38%, em 2003, para 2,81%, em 2006, aumentaram os percentuais de categorias que asseguraram, no mínimo, a recomposição da inflação. Assim, em 2003, pouco mais de 40% das unidades de negociação analisadas garantiram resultados positivos em um cenário de inflação de 10% ao ano. Já com inflação inferior a 3% ao ano, quase a totalidade das negociações registradas atingiu esses resultados.

A redução da taxa de inflação também revela com maior nitidez os baixos salários praticados no país, impulsionando o movimento sindical a negociar a ampliação dos atuais patamares da remuneração do trabalhador. Neste contexto, merecem destaque os ganhos reais conquistados nos processo de negociação coletiva, que elevam os patamares salariais no momento da data-base e, diante da inflação controlada, podem significar aumento efetivo do poder aquisitivo dos salários dos trabalhadores.

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