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Operadoras vêem risco de fraudes

O presidente da operadora Telefônica, Antonio Carlos Valente, disse ontem que, se a portabilidade numérica for implantada sem uma "conclusão satisfatória dos testes", poderá facilitar a prática de fraudes no sistema telefônico. A Telefônica foi uma das empresas que solicitou à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) o adiamento da nova regra para janeiro de 2009.

A portabilidade permitirá aos usuários de telefonia fixa e móvel mudar de operadora sem ter de trocar o número do telefone. Pelo cronograma da Anatel, a medida começa a vigorar em 1º de setembro em oito DDDs – o único do Paraná incluído na primeira etapa é o 43, da região de Londrina. A partir daí, a portabilidade seria aplicada gradualmente em todo o país até o 1º de março de 2009.

"Eu alertaria com relação à possibilidade de fraudes inclusive de caráter criminoso e também com a figura da rastreabilidade. Todos nós sabemos que existem situações em que são feitos acompanhamentos de pessoas. Precisamos ter confiança absoluta que os testes não vão permitir desconfortos para as pessoas", disse Valente. O presidente da Oi, Luiz Eduardo Falco, reforçou que a regra só deve entrar em vigor quando os testes forem exauridos. "Só saberemos os resultados no último dia. Acho que as empresas têm se esforçado bastante [nos testes]."

A perspectiva de aumento da competição na telefonia móvel, aberta pelo avanço das operadoras sobre novos mercados e pela portabilidade numérica, pode definir um novo patamar de tarifas. Mas esta situação não deve afetar negativamente os balanços das operadoras, avaliam especialistas.

Primeiro porque os preços mais baixos tendem a incentivar o consumo, acredita o presidente da consultoria Teleco, Eduardo Tude, para quem a tendência de preços mais palatáveis no celular já está delineada. "O ciclo de redução de tarifas vem há pelo menos um ano, mas deve se aprofundar agora", afirma. Além disso, de acordo com a analista de telecomunicações da corretora Ativa, Luciana Leocádio, como a maior parte dos descontos se dá nas chamadas entre clientes da mesma operadora, e não em ligações para fora da rede, as empresas têm mais condições de gerenciar seus custos.

Para a analista setorial da Fator Corretora, Jacqueline Lison, o declínio das tarifas será gradual, embora inevitável, uma vez que as operadoras precisam de escala e têm à sua disposição um mercado "muito aquecido". Muitos eventos prenunciam este movimento. A entrada da Oi e da Aeiou em São Paulo, que prometem tarifas inferiores às praticadas por Vivo, TIM e Claro, tem tudo para esquentar as promoções de minutos. A competição também será instigada pelo avanço de Vivo e Claro sobre outras áreas de cobertura – Nordeste e Norte do país, respectivamente –, completando a lacuna no território nacional.

Outro impulso virá da portabilidade numérica, recurso que deve funcionar a pleno vapor em 2009 e permitirá ao usuário manter o número de telefone em caso de troca de operadora. "A competição como existe hoje dá um bom empurrão e a portabilidade dará o golpe final, pois, além de preços melhores, levará o mercado a uma maior eficiência dos serviços", destaca Luciana Leocádio, da corretora Ativa.

No segundo trimestre, as operadoras móveis aproveitaram os dias das Mães e dos Namorados para testar a receptividade dos usuários a tarifas menores, estratégia que gerou um aumento considerável de tráfego na rede móvel. A quantidade mensal de minutos por usuário (MOU) cresceu 17,5% em 12 meses, para 94 minutos.

As tarifas promocionais e, principalmente, o forte ingresso de assinantes acabaram por reduzir a receita média por assinante (ARPU, na sigla em inglês) no segundo trimestre, situação comum a todas as operadoras nesse intervalo, com exceção da Oi. O gasto médio de usuários atingiu R$ 27,17, com 7,4% de baixa em relação a igual período de 2007. O forte ingresso de clientes deu grande contribuição à queda do ARPU, que é a receita de serviços, líquida de impostos, dividida pelo número médio de usuários

Juntas, Vivo, TIM, Claro e Oi receberam 7 milhões de novos assinantes no segundo trimestre, bem acima dos 4,5 milhões de usuários adicionados à base nos três primeiros meses do ano.

Receita em queda

Para a analista setorial da corretora Brascan, Beatriz Batelli, a tendência é de que o ARPU continue encolhendo, já que o mercado buscará espaço entre a população de menor poder aquisitivo, onde o uso do celular ainda não está satisfatoriamente disseminado. "Isso pode trazer mais assinantes de sistemas pré-pagos e, conseqüentemente, um ARPU menor", ressalta.

Na tentativa de sustentar as receitas em um cenário de concorrência maior e queda de preços, além de apostar em produtos com valor agregado, como transmissão de dados, as operadoras terão de ser mais seletivas e rigorosas em sua política de crédito. "As promoções vão ser mais concentradas nas datas fortes para o comércio e o investimento em qualidade e serviços tende a crescer", acredita Jaqueline Lison, da Fator Corretora.

Na avaliação da especialista, embora os preços pesem bastante na decisão do consumidor, a qualidade dos serviços é que definirá a conquista do cliente. "Não adianta ter preço matador se o cliente fica na mão toda vez que vai usar o celular. Ganha quem oferecer o preço adequado com qualidade de serviços."

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