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Depois de perder o emprego e também extrapolar os gastos com o cartão de crédito, o auxiliar administrativo Paulo Roberto Campos Nascimento, de 26 anos, descobriu na prática como é ficar inadimplente e ter o nome incluído no cadastro do Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC).

- Não pude fazer compras no crediário e nem pedir empréstimo - conta Nascimento, que só limpou o nome quando conseguiu um novo emprego.

Passados 12 meses de nome limpo na praça, o descontrole no Orçamento e os cheques devolvidos levaram o auxiliar Administrativo a engrossar pela segunda vez o cadastro negativo do comércio.

- Agora vou acertar tudo o que devo porque quero comprar um apartamento, e meu nome precisa ficar limpo em no máximo 30 dias - diz.

Os números da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) mostram que a situação de Nascimento é cada vez mais comum na Capital. Mais da metade dos consumidores que consegue limpar o nome volta para a lista de devedores depois de 12 meses.

Os motivos são diversos: desemprego, despesas com doença ou simplesmente descontrole do orçamento.

- O que percebemos cada vez mais é que as pessoas que vão atrás dos credores para renegociar não se programam e, diante de imprevistos no meio do caminho, param de pagar as parcelas e sujam o nome novamente - afirma a gerente do núcleo de negócios de pessoa física da ACSP, Roseli Garcia.

Em julho, 304.628 pessoas saíram do cadastro do SCPC mas, daqui a

um ano, a previsão é de que 58% delas (176.684) voltem para o cadastro negativo (veja quadro nesta página). Um mês depois, pelo menos 15% acabam caindo na mesma armadilha.

Segundo a gerente da ACSP, o crédito com desconto em folha — para trabalhadores e aposentados — ajudou milhares de consumidores a complementar o orçamento e pagar dívidas em atraso.

- O consignado apenas aliviou um problema maior que é a renda apertada do trabalhador. Muitas pessoas que recorreram a esse empréstimo voltaram a acumular novas dívidas - explica Roseli.

Para o professor de finanças da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Luiz Carlos Ewald, a causa do número elevado de pessoas que retornam ao SCPC é a falta de educação financeira.

- Nem sempre ter o nome sujo uma vez é um susto suficiente para acertar as contas e fazer um orçamento adequado às despesas do mês, o que explica porque milhares de pessoas ficam inadimplentes mais de uma vez - argumenta.

Uma das saídas para o comércio, segundo Ewald, é melhorar as referências na concessão do crédito e investir na criação do cadastro positivo — medida que deverá ser anunciada pelo Governo nos próximos dias.

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