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Nos próximos dias o governo vai responder a uma pergunta que muitos brasileiros andam fazendo: o IPI dos automóveis vai ou não voltar ao nível anterior?

A questão não é importante apenas para quem quer comprar um carro novo – ou vender um usado, já que o preço deste sempre toma como referência o valor pedido pelos zero-quilômetro. O interesse vai além, inclusive, da cadeia da indústria automobilística.

Relembrando: em maio o governo reduziu o Imposto sobre Produtos Industrializados (o tal IPI) que incide sobre os automóveis. A medida fez parte de um conjunto de ações para dar mais ânimo à economia nacional em um ambiente de crise. As montadoras vinham sofrendo com vendas ruins, porque os bancos passaram a escolher melhor a quem emprestavam dinheiro (se tornaram mais seletivos, para usar o palavreado deles). Basicamente, passaram a exigir mais renda daqueles que queriam financiar um carro. Sem financiamento, os veículos ficaram encalhados nas concessionárias e nos pátios das próprias fábricas.

As montadoras pediram socorro e o governo concordou, baixando o IPI. É uma medida temporária, para valer até 31 de agosto, a próxima sexta-feira. As vendas realmente deslancharam, marcando um novo recorde em julho (chegarão bem perto de repetir ou até ultrapassar a marca neste mês). Mas o ambiente para os negócios não mudou muito – se você olhar para a crise europeia, estamos agora do mesmo jeito que há três meses. E vale lembrar que, em 2009, em situação semelhante, o governo prorrogou o benefício. Tudo indica que fará o mesmo agora.

A resposta do governo à questão do IPI refletirá a expectativa da área econômica em relação à intensidade e persistência da crise. Por isso ela é tão ou mais importante que a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que se reúne hoje e amanhã para deliberar sobre a taxa básica de juros. Os dois movimentos devem caminhar no mesmo sentido, aliás: corte nos juros e extensão do IPI reduzido.

Transparência

Ao escrever sobre esse assunto, sou obrigado a repetir algo que já tratei aqui no jornal, tanto nos últimos dias quanto em 2009: o governo precisa ser transparente. Quanto antes anunciar seu veredito sobre o IPI, melhor. A administração federal precisa ter compromisso com o cidadão e não devia se preocupar se atrapalha ou não as vendas de carros.

Manipulação

Na semana passada, o jornal especializado Valor Econômico apresentou uma reportagem muito interessante sobre o preço das ações da Telebrás. A estatal é uma das estrelas dos fóruns de investidores, canais na internet onde usuários cadastrados debatem o dia a dia da bolsa e trocam ideias sobre os papéis que vão bombar. Nesses locais você vê de tudo – desde o óbvio até algumas hipóteses conspiratórias. Pois neles era muito comum ver, nos últimos anos, gente falando que estava fazendo negócios fantásticos com Telebrás, uma empresa quase morta. Esperavam que ela se valorizasse muito e comemoravam cada salto no preço.

Pois a matéria do Valor mostra que boa parte dessa turma estava sendo manipulada. O Banco Cruzeiro do Sul, dono de uma participação de 6% no capital da empresa, fazia compras massivas de papéis nos dias que antecediam o fechamento de trimestres. Com isso elevava o seu patrimônio e escondia deficiências nos seus números. Isso durou até a intervenção do Banco Central, no início de junho – mas aí o Cruzeiro do Sul já havia acumulado um rombo superior a R$ 3 bilhões.

Os espertinhos do fórum, quem diria, estavam sendo enganados por um banco quebrado.

Não quer cair no conto do banqueiro? Então procure fontes fidedignas. No mercado e na vida, acreditar em fofoca não compensa.

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