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O ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do Banco Itaú, Roberto Setúbal, divergiram publicamente nesta quarta-feira (4) sobre os "spreads" bancários, que é a diferença entre o custo de captação dos recursos pelos bancos e a taxa cobrada do consumidor. Nesta diferença, estão os custos do setor, os impostos e também o lucro dos bancos.

Em evento na Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Setúbal defendeu o setor de críticas recorrentes de que os lucros são elevados. "O lucro do banco é grande porque os bancos são grandes. E, devo lembrar, os bancos são grandes em qualquer lugar do mundo. Canadá, Austrália, Turquia, França, Inglaterra, qualquer país no mundo com o mínimo de desenvolvimento econômico tem, entre as maiores empresas, os bancos", disse.

Setúbal disse ainda que a crença de que os juros bancários são elevados por causa do lucro dos bancos não é verdadeira."A ideia de que vai reduzir o 'spread' porque vai reduzir o lucro dos bancos não funciona bem, porque a margem de redução é relativamente pequena. A necessidade de capital é grande, o custo do capital é elevado e se não tivermos condição de remunerar esse capital não teremos recursos para emprestar", disse.

Sobre os "spreds" dos bancos, Mantega rebateu os argumentos de Setúbal."O 'spread' no Brasil é muito alto, doutor Roberto. Embora existam algumas razões, nós temos talvez o maior 'spread' do mundo. Não há razão para isso. Nós temos que ajustar isso. Vocês têm de ganhar mais no volume e menos na taxa, essa é a filosofia que eu procuro implementar nos bancos públicos. Dá para fazer mais", afirmou Mantega.

Segundo Setúbal, os "spreads" contemplam custos dos bancos, impostos e inadimplência. E elegeu o calote como o fator primordial para essa diferença. Em suas palavras, se a inadimplência baixasse o "spread" poderia ter uma redução "significativa".

A inadimplência é também uma das explicações para a redução do volume de empréstimos desde o final do ano passado. O governo quer que o crédito volte a crescer para reaquecer o consumo e os investimentos e dar dinamismo à economia.Para Setúbal, o crédito crescerá, neste ano, mais do que o PIB, mas não repetirá o mesmo desempenho de anos anteriores, quando registrou expansão de até 30%.

"O crédito vai continuar se expandindo, mas talvez não na mesma intensidade, especialmente no crédito para o consumo", disse Setúbal.

Sentado próximo ao empresário, o ministro Guido Mantega rebateu o argumento."A expansão do crédito nos anos de 2007, 2008 e 2010 foram padrões inusuais, mas de uma economia que não tinha crédito nenhum. Vamos falar claro aqui. Em 2002 e 2003, o sistema financeiro tinha um crédito de 22% do PIB, que não era nada", disse Mantega, que defendeu o aumento dos empréstimos.

"Nem tanto o mar nem tanto a terra. Não dá para ter aquele volume [de empréstimos do passado] mas também não dá para pisar no freio. É verdade que subiu um pouco a inadimplência mas se manter o pé no freio, aí que aumenta a inadimplência mesmo", disse Mantega.

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