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O novo ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou, em entrevista exclusiva ao jornal britânico "Financial Times", que suas prioridades são "seguir aplicando a política econômica como se vem fazendo até agora". Segundo a entrevista de Mantega publicada pelo jornal britânico nesta sábado, o Brasil está preparado para um crescimento sustentável, que este ano deverá ficar entre 4% e 4,5%.

"Agora a economia brasileira está se movendo passo-a-passo rumo a um crescimento mais sólido. Em 2006, esta transição estará completa, a economia crescerá entre 4% e 4,5%, a inflação está em queda e sob controle, as contas públicas estão sob controle, a meta de superávit primário está sendo alcançada rigorosamente, e estamos criando empregos", declarou Mantega ao FT.

Depois de destacar os êxitos econômicos do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Mantega afirmou que o país se encontra em uma "situação estruturalmente nova que está consolidada e tem caráter permanente".

"Não há razão alguma para mudar uma política tão bem sucedida", disse o ministro.

Apesar da segurança demonstrada pelo ministro, o Financial Times escreveu que os investidores estão preocupados em saber em detalhes como o Brasil conseguirá equilibrar suas contas e alcançar os investimentos necessários para impulsionar o crescimento. Segundo seus críticos, o governo só conseguiu cumprir seus objetivos orçamentários graças ao crescimento da arrecadação de impostos ter sido suficiente para cobrir os gastos, também crescentes, mas que a situação não deverá se prolongar por muito tempo. A única forma de manter o equilíbrio econômico, argumentam os críticos, será tomando medidas tão impopulares como os cortes de gastos públicos em pensões e previdência social.

"Os mercados estão examinando muito perto o comportamento fiscal. Se o governo sai do caminho, terá que pagar. Não se pode enganar os mercados, que estão muito atentos", afirmou Nuno Câmara, economista da firma Dresdner Kleinwort Wassertstein.

E isto é algo, afirma o Financial Times, que Palocci compreendeu recentemente ao apoiar os apelos favoráveis a um déficit orçamentário zero - atualmente em torno de 3% do PIB - e apelar a um "pacto social" para por em ordem as contas. Mantega declarou ao Financial Times que um déficit zero é positivo, mas não como objetivo, e acrescentou:

"Não ficou muito claro o que Palocci entendia por déficit zero, o que torna mais difícil fazer um comentário. Mas um pacto social é o que faz o Congresso a cada ano quando o Governo propõe o nível de gasto que considera necessário e o discute com os representantes do povo".

Questionado se isto significaria que não são necessárias maiores reformas constitucionais para cortar o gasto em aposentadorias e previdência social, Mantega respondeu que as reformas das pensões do setor público anunciadas na primeira etapa do governo Lula bastarão para dar estabilidade ao sistema:

"Não creio que necessitemos de mais reformas. O que faz falta é uma gestão melhor", afirmou o novo titular da Fazenda.

Segundo o ministro, um maior rigor nas medidas contra a fraude e uma maior eficácia no novo sistema de fiscalização dos impostos, as pensões e a previdência social podem gerar anualmente ganhos entre R$ 3 bilhões e 4 bilhões até um total próximo de R$ 15 bilhões (US$ 6,9 bilhões). Estes ganhos compensariam em parte o crescimento do gasto resultante do aumento do salário mínimo em R$ 5 bilhões ao ano, explicou Mantega. Isso deverá ajudar a equilibrar as contas nos próximos quatro ou cinco anos, afirmou o ministro.

Mantega não excluiu a necessidade de dar prosseguimento às reformas e assim reconheceu que a reforma fiscal aplicada pelo atual governo é parcial e necessita ser completada em benefício do sistema. Outras prioridades são as reformas sindicais e as microeconômicas, como a modernização dos órgãos contra os monopólios.

O ministro se mostra confiantes no crescimento contínuo do Brasil e assegura que as turbulências políticas do ano passado não tenham impacto sobre a economia. Entre os desafios futuros, diz a reportagem do Financial Times, estão a necessidade de maiores investimentos em infra-estrutura para melhorar a competitividade dos exportadores brasileiros, mas é o setor privado quem suporta aí a maior carga.

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