A discussão sobre os desequilíbrios cambiais entre os países será aprofundada na próxima reunião do G20, grupo que reúne as maiores economias do mundo, disse o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que apresentou a sugestão em reunião de um comitê de assessoramento do Fundo Monetário Internacional (FMI). O encontro do G20 está marcado para novembro em Seul, na Coreia do Sul.
"Propus que não deixemos esse conflito aprofundar-se e não deixemos que cada país busque uma solução para si próprio. É preferível a gente colocar na pauta do FMI e na pauta do G20 a discussão da revisão das políticas e a questão cambial propriamente dita", afirmou o ministro, de acordo com a BBC Brasil.
Mantega e ministros das Finanças e da Economia de 24 países participaram da reunião do Comitê Monetário e Financeiro Internacional (IMFC, na sigla em inglês), que terminou ontem (9) em Washington. O órgão tem o papel de assessorar o FMI e recomendar a adoção de políticas.
Destinado a discutir sugestões de reformas no FMI, o encontro foi dominado pela "guerra cambial", expressão usada por Mantega na semana passada. O desequilíbrio decorre do fato de que alguns países mantêm a moeda desvalorizada de forma artificial, o que torna as exportações mais baratas e tem efeito negativo sobre outros países que têm moedas valorizadas.
Mantega não se concentrou nas críticas à China, acusada, principalmente pelo governo dos Estados Unidos, de manter sua moeda, o yuan, artificialmente desvalorizada em relação ao dólar. O ministro questionou as políticas dos países desenvolvidos para sair da crise econômica e pediu que as economias avançadas retomem os estímulos fiscais concedidos nos últimos anos para evitar a guerra cambial.
Na avaliação do ministro, com a economia estagnada e em lenta recuperação, os países desenvolvidos buscam os mercados emergentes que saíram rapidamente da crise. "[Esse comportamento] leva à guerra cambial e também à guerra comercial, porque também pode levar a um protecionismo", disse.
Por causa da crise econômica, diversos países desenvolvidos tiveram de ampliar os gastos públicos e reduzir impostos para estimular a recuperação da atividade. Essa prática, no entanto, aumentou a dívida pública e o déficit orçamentário nesses países, que retiraram em boa parte desses estímulos e agora têm pouco espaço para retomar as medidas.
O diretor-gerente do FMI, Dominique Strauss-Kahn, classificou de forte a expressão "guerra cambial", usada por Mantega na semana passada. Ele, no entanto, reconheceu que vários países emergentes estão com o câmbio valorizado e as exportações prejudicadas por causa da entrada de capital estrangeiro. "Alguns países emergentes realmente estão enfrentando grandes fluxos de capital e precisam encontrar uma maneira de reagir a isso", declarou.
A redistribuição de cotas dentro do FMI também foi destaque na reunião em Washington. Países emergentes, como o Brasil e a China, têm reclamado maior participação e maior poder dentro do fundo, como resultado de sua maior projeção no cenário global. Strauss-Kahn disse que o tema avançou e que um anúncio pode sair "dentro de semanas". No entanto, ainda há divergências a serem discutidas entre os vários países.
Para o chefe do FMI, emergentes que querem ter mais cotas e maior participação devem estar preparados para assumir também maiores responsabilidades. "Quanto mais você está no centro, mais você precisa fazer a sua parte para estabilizar o sistema inteiro", afirmou.
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