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O vigor da marca Batavo, o ritmo forte de 40 lançamentos por ano e um faturamento que deve superar os R$ 600 milhões em 2005 são os principais atributos que, neste fim de ano, fizeram da Batávia S/A o alvo da cobiça de grandes investidores do setor alimentício, como a catarinense Perdigão. O patrimônio da empresa paranaense, uma das maiores companhias de produção de alimentos do país, entrou na roda por conta do processo de recuperação judicial da Parmalat, sua maior acionista. As acionistas minoritárias – a Cooperativa Central de Laticínios do Paraná Ltda (CCLPL) e a cooperativa Agromilk, de Santa Catarina – dizem existir outros interessados na compra da participação da Parmalat (que tem 51% das ações), mas não revelam nomes.

As próprias cooperativas são apontadas como candidatas a adquirir a parte da multinacional italiana no negócio. Para isso, precisam de dinheiro. E, segundo uma fonte do setor cooperativista, elas estariam buscando financiamento no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Em novembro, circulou o boato de que a francesa Danone também estaria negociando a compra das ações da Parmalat, sem descartar a aquisição de 100% da Batávia. Mas a Danone diz que a história foi "pura especulação". Verdade ou não, é prática comum entre empresas evitar comentários sobre vendas ou aquisições. A própria Perdigão, que tem ações listadas em bolsa, só confirmou o interesse na Batávia depois que o assunto foi publicado pela imprensa.

Não é difícil entender por que a agroindústria tem provocado tanto burburinho. A marca usada pela Batávia, a Batavo, é muito forte no Sul do país. E os resultados da empresa não são modestos. O faturamento, que em 2003 foi de R$ 509 milhões, chegou a R$ 562 milhões no ano seguinte e deve fechar 2005 acima dos R$ 600 milhões. Na região, ela possui a maior fatia do mercado de derivados lácteos, com 17,8% das vendas. No Brasil, a participação é de 13,3%, o que só a deixa atrás das gigantes multinacionais Nestlé e Danone. Por sinal, o interesse da Danone ao comprar a Batávia seria justamente tentar encostar na Nestlé, que comanda mais da metade do mercado nacional de leites e derivados.

Boa notícia

O discurso das cooperativas CCLPL e Agromilk é que, independentemente do novo dono, a saída da Parmalat por si só já seria uma boa notícia. A crise mundial da empresa italiana, que começou no fim de 2003, respingou na Batávia, que acabou perdendo crédito junto aos bancos. Por isso, quando assumiu a direção, em fevereiro de 2004, a CCLPL precisou fazer um aporte de R$ 5 milhões na sociedade, que estava precisando de capital de giro para manter suas operações.

Desde então, as cooperativas e a Parmalat vêm travando um embate jurídico. A liminar que colocou as minoritárias no comando da Batávia, há quase dois anos, permanece em vigor. Ao mesmo tempo, os italianos tentam retirar parte do maquinário da unidade fabril de Carambeí, a principal da Batávia. As máquinas fazem parte do investimento que a Parmalat fez ao entrar na sociedade, em 1998, quando adquiriu 51% das ações da empresa por R$ 140 milhões. Por enquanto, as máquinas continuam onde estão.

Desde que retomaram as rédeas da Batávia, as acionistas minoritárias têm procurado levar os negócios como se nada tivesse acontecido. Lançaram 44 produtos em 2004 e outros 40 neste ano, quando investiram R$ 3 milhões no desenvolvimento de novos produtos e adequação de fábricas. Acabam de inaugurar uma nova unidade fabril em Carambeí, exclusiva para a produção de sucos prontos em embalagens longa vida – itens que até então não faziam parte do portfólio da empresa.

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