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Matchmaker das grandes marcas: personalidades brasileiras se expõem demais
| Foto: Vítor Santana / divulgação

Para quem vive de conectar empresas e personalidades do showbiz, o conselho pode até soar estranho: “O brasileiro não sabe se vender bem e se expõe demais. O americano não faz nada sem cobrar e sabe buscar o equilíbrio. Já o brasileiro cobra caro ou errado e fica muito exposto. Poucos sabem a hora de parar. Isso faz perder a curiosidade sobre a sua imagem”.

Hebert Mota não é exatamente um rosto conhecido, já que na maior parte do tempo fica nos bastidores, agindo como um conector de negócios. Mas o portfólio da agência de publicidade dele, a Kal911, não deixa dúvidas de sua especialidade: conectar personalidades a grandes marcas ou campanhas. Entre os clientes já atendidos por Hebert e sua rede de contatos, estão Fernando Alonso, Kanye West, Jay-Z, Michael Jordan, Anderson Silva, Mano Brown, Alex Atala, Maria Rita, Lázaro Ramos e Taís Araújo. Ele se orgulha tanto de ter sido convidado para a posse do ex-presidente americano Barack Obama quanto de ter ajudado o pai a erguer a casa da família em Americanópolis, na zona sul de São Paulo.

Na contramão dos conselhos de coach e da corrida do ouro por fama e dinheiro instantâneos, Mota diz que há certos processos que nunca saem de moda e que são necessários para construir uma carreira sólida quando se é um influenciador. Ele acaba de lançar o livro “Movimento, Logo Existo”, onde fala sobre a sua trajetória, da periferia paulistana para rodas de amigos do showbusiness internacional.

Mota já foi produtor de bandas nacionais, agente do lutador Anderson Silva e hoje se define como um conector de negócios ou lobista. “No Brasil, a palavra tem esse sentido estranho, mas lá fora isso é comum. O lobista é o vendedor que conduz o objetivo do negócio, o advogado que conecta pontas”, esclarece.

Para ser um influenciador com o olhar empreendedor e com resultados que gerem negócios, ele afirma que discrição é a alma do negócio. Para isso, saber quem você é, seu lugar e se vender são essenciais. Isso, deixa claro, não significa se rebaixar, nem se iludir: “Quando gerenciava o Anderson Silva, eu sabia o meu lugar e isso dá confiança no papel dele. Prefiro ser a pessoa invisível que costura”.

Tempo e café

Mota nasceu na Zona Sul de São Paulo. Filho de pai metroviário e mãe do lar, ele começou a trabalhar aos 13 anos como entregador de marmita. Aos 14, conseguiu um bico de office-boy. Foi quando um amigo o chamou para o mundo do entretenimento. Primeiro como roadie (carregador de caixas de som) e depois como produtor. Durante as incontáveis viagens, ele lembra que a grande lição foi aprender a pensar como o dono do negócio.

“Viajar te ensina que o mundo é diverso. Nas bandas, o que aprendi é que tem um trabalho grande e ele é coletivo. Quando você vê uma hora de show, são 12 horas de preparo. Existe uma dedicação e entrega que se transformam em responsabilidade. Muitas bandas terminam porque o profissional perde a visão do coletivo, do todo”, opina.

Outro ponto para influenciar do ponto de vista empresarial, diz, é entender o que pode acrescentar em uma negociação: “Na escola somos ensinados a resolver problemas e não a encontrar soluções. Você cresce achando que é um problema. Meu exercício foi sempre achar solução. Eu ouço mais do que falo, e isso me faz ver que sou eu”.

Autoestima não é forçar ser alguém que não é. Mota lembra de um convite para esquiar em Seattle, nos Estados Unidos, que não fazia sentido para ele. “Eu e Jay-Z temos um amigo em comum, que me convidou. Eu não sei esquiar. Ele ia ver que estava lá só por causa dele. Não posso me vangloriar de ser amigo de famosos quando tenho relação de negócios. Não pode ser iludido. A relação de confiança leva tempo”, conta o empresário.

Mota, entretanto, garante que, ao contrário das relações muitas vezes superficiais das redes sociais, o bom e velho cafezinho é o melhor caminho para construir relações. Tempo, dedicação e bom senso não falham, segundo ele.

“Carreira leva tempo, é tijolinho por tijolinho. Hoje é moda de coach mas a molecada tem que estar atenta porque isso demanda muito tempo e dedicação também. Tem que dar atenção ao seu público. Aí você vê casos de quem está 24 horas na mídia e entra em depressão. Não subestime o seu público, ele vai querer sempre mais e você tem que estar preparado para dar isso a ele”, afirma ele, destacando que a resiliência é questão de sobrevivência no mundo de qualquer negócio:

“Para empreender em qualquer área tem que quer estômago para aguentar muita porrada, dias ruins, sem dinheiro, cliente que fala mal, ter que lidar com funcionário que está com problemas em casa, motivar, liderar. Não pode perder o foco”.

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