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Atualizado em 14/09/2006, às 23h14

Os médicos peritos do Instituto Nacional da Seguridade Social (INSS) decidiram nesta quinta-feira prolongar a greve, que começou na quarta, por tempo indeterminado. A Associação Nacional dos Médicos Peritos (ANMP) informou que os atendimentos realizados nos postos da Previdência estarão suspensos a partir desta sexta-feira. A decisão foi tomada após votação na internet, onde 78% dos 4,8 mil peritos se mostraram a favor da mobilização. A categoria reivindica melhores condições de trabalho e, principalmente, mais segurança nos postos de atendimento.

- Apresentamos propostas para o presidente do INSS, Valdir Moysés Simão, mas não houve acordo - afirmou o vice-presidente da ANMP, Luiz Argolo.

Segundo ele, o assassinato da perita Maria Cristina Souza, em Governador Valadares, Minas Gerais, antecipou a paralisação, que estava prevista para iniciar no dia 20 de setembro.

- O crime mostra que os peritos estão em perigo.

Segundo a associação, será feita uma reunião nos próximos dias para definir um atendimento reduzido de perícias. Decisão da juíza Emília Maria Velano, da 15ª Vara Federal de Brasília, que legitimou a greve, impôs a condição de 30% dos peritos trabalharem para casos de emergência.

O INSS, através do Ministério da Previdência, informou que a greve não deve prejudicar o atendimento nas unidades da Previdência. Os beneficiários que tiverem perícia médica agendada devem comparecer ao posto no horário marcado. Se faltar médico, a agência deverá remarcar o atendimento. O INSS promete prazo máximo de cinco dias após essa data.

Além de mais segurança no trabalho, os peritos querem que os laudos sejam encaminhados pelo correio. A pauta inclui ainda pedidos para aumentar o número de consultórios e melhorar o atendimento para os beneficiados. De acordo com a ANMP, muitas vezes os segurados insatisfeitos agridem os médicos.

A paralisação estava programada para terminar nesta quinta-feira, mas foi estendida por causa do assassinato da médica Maria Cristina Souza Felipe da Silva, na quarta-feira, em Governador Valadares (MG). Maria Cristina foi assassinada com quatro tiros na frente de sua residência. A servidora era também delegada da ANMP e, antes do crime, havia concedido diversas entrevistas reclamando das ameaças que os médicos peritos sofriam no trabalho.

A agência onde Maria Cristina Felipe da Silva trabalhava está fechada. No prédio, uma faixa em sinal de luto. Maria Cristina, de 56 anos, era casada e tinha quatro filhos. Um deles disse, durante o velório nesta quinta-feira, que a mãe comentou que havia encontrado indícios de fraude e que, com o movimento dos peritos, a começar um processo de limpeza. Ele acredita que a mãe foi vítima de um crime encomendado.

De acordo com levantamento parcial da ANMP, a paralisação teve adesão de 90% da categoria. Bauru (SP) e Anápolis (GO) foram as únicas cidades onde não houve greve.

Ainda de acordo com a associação, atualmente existem 1.300 salas para 4.800 médicos atenderem cerca de 500 mil consultas por mês. Com a paralisação, os segurados do INSS não podem fazer a perícia necessária para o pagamento de benefícios como o auxílio-doença e a aposentaria por invalidez.

" A maior causa de agressão é quando você nega o pedido. O segurado não fica satisfeito e agride o médico "

A perita Ana Maria Facci acredita haver uma relação entre o assassinato de Maria Cristina e a greve dos peritos:

- A maior causa de agressão é quando você nega o pedido. O segurado não fica satisfeito e agride o médico.

O Ministério da Previdência e o INSS divulgaram nota lamentando a morte da servidora. O Ministério informou também que solicitou o acompanhamento do caso à Polícia Federal.

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