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BM&F, em São Paulo: dados da economia dos EUA deixaram os mercados nervosos. | Paulo Whitake/Reuters
BM&F, em São Paulo: dados da economia dos EUA deixaram os mercados nervosos.| Foto: Paulo Whitake/Reuters
  • Mudança de trajetória

A aprovação do pacote de socorro ao sistema financeiro pelo Senado dos Estados Unidos, na noite de quarta-feira, criou a expectativa de que os pregões poderiam ter um dia mais calmo ontem. Mas o que se viu foi exatamente o contrário. A Bovespa operou em terreno negativo durante todo o dia e terminou com desvalorização de 7,34%, aos 46.145 pontos. O dólar subiu 5,09%, vendido a R$ 2,023.

A queda foi atribuída em parte aos dados desanimadores da economia norte-americana – como o aumento nos pedidos de seguro-desemprego –, que reforçaram as previsões de recessão nos EUA. Como já ocorreu em outros momentos da crise, a queda da bolsa brasileira superou a sofrida nos principais centros financeiros do mundo. Em Nova Iorque, o índice Dow Jones caiu 3,22%. A Bolsa de Frankfurt perdeu 2,51%. Nos emergentes, quedas mais fortes foram registradas nas Bolsas de Buenos Aires (5,27%), do México (-4,34%) e de Moscou (-4,04%).

No pior momento do último pregão, a Bovespa registrou desvalorização de 9,41% e quase teve suas operações interrompidas – o que teria acontecido se as perdas superassem os 10%, como ocorreu na segunda-feira. "Esperava que o dia fosse mais calmo", disse o gerente da HSBC Corretora, Flávio Zullo. "Vimos investidores tentando se desfazer de ações de qualquer jeito. Nesses momentos, acaba não se olhando muito para os fundamentos das companhias, e todo mundo sofre."

A Bovespa está com perdas acumuladas de 27,7% no ano, e o dia de perdas não poupou quase ninguém. Das 66 ações do índice Ibovespa, principal termômetro da bolsa paulista, só três não caíram: TIM Participações ON (com alta de 0,55%), Sabesp ON (0,36%) e Comgás PN (0,35%). Os papéis com maior liquidez, como Petrobras e Vale, têm sofrido dupla pressão: além de os estrangeiros seguirem abandonando-os em suas carteiras, a continuidade na queda das cotações de commodities no exterior tira sua atratividade. Ontem o petróleo desceu a US$ 93,97 em Nova Iorque, em baixa deu 4,6%. Em julho, o barril superava US$ 147.

Petrobras e Vale

Depois de marcar depreciação de 10,20%, as ações preferenciais da Petrobras se recuperaram um pouco, mas encerraram com perda forte, de 8,16%. O papel ON da estatal recuou 6,49%. Para a ação preferencial "A" da Vale, a segunda mais negociada do dia, a queda ficou em 10,09%. "As incertezas se mantêm no mercado internacional, com analistas e investidores preocupados e atentos aos desdobramentos da crise. E não tem como a Bovespa ficar isolada da tensa cena externa", afirma o professor do Laboratório de Finanças da Fundação Instituto de Administração (FIA), Bolívar Godinho Filho. Para ele, se o pacote for aprovado pelos deputados americanos hoje, o mercado deve passar a ter oscilações "menos intensas".

Setor interno

Os setores dependentes do mercado interno foram destaque de perda ontem. Papéis como os ON das Lojas Renner (que caíram 16,45%), e os PN da B2W Varejo (resultante da fusão entre Americanas.com e Submarino), com baixa de 10,80%, ficaram entre as quedas mais expressivas do dia. O Citigroup divulgou ontem um relatório no qual reduziu a recomendação para ações brasileiras de produtos de consumo supérfluos, em um cenário em que o país está exposto a "estancamento de fluxos de crédito" e "considerando-se os altos índices de endividamento".

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