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Segundo Meirelles, "prudência" exige não ficar mais que dois mandatos na presidência do BC | Antonio Cruz/ABr
Segundo Meirelles, "prudência" exige não ficar mais que dois mandatos na presidência do BC| Foto: Antonio Cruz/ABr

Mercados

Juros futuros "aprovam" nomeação de Tombini

O mercado financeiro aprovou a indicação de Alexandre Tombini para a presidência do BC. Não só por meio de declarações entusiasmadas, comuns em momentos como este, mas pelo comportamento das taxas de juros no mercado futuro da BM&FBovespa. No curto prazo, essas taxas subiram. No longo, caíram. Significa dizer que os investidores, ao menos por enquanto, acreditam que o BC comandado por Tombini fará o que a maioria deles acha que tem de ser feito: elevar o juro básico (Selic) no início de 2011 para conter a escalada da inflação (que se encontra acima do centro da meta de 4,5% em 12 meses), o que abre espaço para quedas nos anos seguintes.

O contrato de juro futuro para abril de 2011 subiu de 10,91% ao ano para 10,95%. Para julho do ano que vem, a taxa avançou de 11,30% para 11,38% ao ano. O DI (forma pela qual o contrato de juro é chamado no mercado) para janeiro de 2012 cedeu de 11,83% para 11,82% ao ano. No contrato para janeiro de 2014, a queda foi ainda mais expressiva: de 12,32% para 12,16% ao ano. "O BC de Tombini tem todas as condições de ser independente do ponto de vista operacional", definiu o economista-chefe do Itaú Unibanco, Ilan Goldfajn.

Sucessão

Ricupero aposta em continuidade

A escolha de Alexandre Tombini para comandar o BC é "uma decisão neutra", na opinião do embaixador Rubens Ricupero, ex-ministro da Fazenda do governo Itamar Franco e ex-secretário-geral da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (Unctad). "A escolha de um funcionário de carreira é uma escolha neutra. Ela não sinaliza uma política nova. Todo funcionário de carreira normalmente está comprometido com a continuidade daquilo que se está fazendo", disse Ricupero, em evento do Banco Citibank, em Curitiba, na tarde de ontem. "O primeiro teste vai se dar não tanto na composição do ministério, mas na primeira reunião do Copom, na hora de tomar a decisão sobre a taxa de juros", completou.

Para reduzir os juros a uma taxa real (descontada a inflação) de 2% até 2014, meta defendida pela presidente eleita Dilma Rousseff, o novo governo terá pouca alternativa a não ser se comprometer com um programa de médio prazo de ajuste fiscal, afirmou Ricupero.

Breno Baldrati

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, afirmou ontem que deixa o cargo "na hora certa". "Acredito que um profissional deve iniciar e concluir sua missão na hora certa", disse ele, durante entrevista coletiva na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado. Meirelles lembrou que regras prudenciais aconselham que um presidente do BC não fique mais do que dois mandatos à frente da autoridade monetária, o que, no Brasil, coincide com o mandato do presidente da República. "É o momento adequado para encerrar a missão", analisou.

A autoavaliação positiva feita pelo presidente do BC ganhou eco no setor bancário. O presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Fábio Barbosa, fez elogios ontem à gestão de Meirelles e mostrou expectativas favoráveis em relação ao sucessor dele, o atual diretor de Normas da instituição financeira, Alexandre Tombini. "Meirelles consolidou o fortalecimento da instituição, iniciado com a constituição do sistema de metas inflacionárias. Ele colocou o país num outro patamar que não transigiu no combate à inflação. Todos saímos ganhando", afirmou Barbosa, destacando que Tombini tem perfil "bastante técnico", é "extremamente sério" e é uma indicação clara de que o governo manterá a atual política. "Aliás, conforme a então candidata Dilma Rousseff falou durante a sua campanha, seriam mantidos os pilares básicos da economia", afirmou.

Juros

De acordo com o presidente da Febraban, indicar alguém que faz parte do quadro atual do banco é sinal de continuidade. Barbosa afirmou ainda que, como todo mundo, incluindo os bancos, é favorável à queda dos juros. Ele fez o comentário depois de ser perguntado se acredita que o próximo governo conseguirá reduzir os juros reais para 2% em 2014, como foi manifestado por Dilma. "Ninguém é contra a redução de juros, todo mundo é a favor, inclusive o sistema financeiro", comentou.

"O que está implícito nesta questão é que se criem condições para que os juros possam ser reduzidos. É isso que a presidente eleita tem falado. E essas condições são, certamente, equilíbrio das contas públicas, desaceleração da inflação e a utilização de mecanismos fiscais dos quais se poderá, eventualmente, lançar mão para gerar esses resultados", afirmou. O presidente da Febraban afirmou que é positivo quando a condução da economia é realizada levando-se em consideração os contrapontos naturais manifestados pelos setores responsáveis por tal tarefa, uma menção indireta aos Ministérios da Fazenda e do Planejamento e ao BC.

"É bom sempre que haja o contraponto. Pontos e contrapontos na economia existem e nunca vai haver consenso com todo mundo. Isso é a verdade de qualquer governo", apontou. Barbosa ponderou, contudo, que, caso o BC e o Ministério da Fazenda atuem em mais harmonia na gestão das políticas monetária e fiscal, isso também será favorável para o país. Barbosa ressaltou que Meirelles ganhou grande respeitabilidade internacional e é um profissional que certamente encontrará portas abertas em instituições nacionais e internacionais, embora ainda não se saiba quais são os planos do atual presidente do BC.

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