Pouco antes da reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES) com a presidente Dilma Rousseff nesta quarta-feira (27), os membros do Conselhão, como é conhecido o órgão, criticaram os modelos de concessão na área de logística lançados pelo governo no ano passado. O presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Paulo Simão Safady, disse que faltou diálogo com o setor privado antes de lançar o Plano Nacional de Logística (PNL), que prevê investimentos de aproximadamente 130 bilhões de reais na concessão de trechos rodoviários e ferroviários.
Desde o lançamento do PNL, o governo tem feito ajustes para atrair o interesse do setor privado, mas ainda há críticas entre os empresários.
"O governo desenhou um modelo que não foi aceito pelo mercado, que preservou pouco a lucratividade e aí não adianta. No momento que ele percebeu que as concorrências estavam vazias e que não havia interesse nem interno e nem externo e que o risco era muito grande, mudou o modelo", disse Safady a jornalistas nesta quarta.
O presidente da Associação Brasileira da Infraestrutura e das Indústrias de Base (Abdib), Paulo Godoy, aposta ainda que o governo terá que fazer mais mudanças para atrair os investidores e até mesmo o financiamento dos projetos pelo setor financeiro privado. "Essa lógica da rentabilidade estava distorcida, não adianta focar só na modicidade tarifária. Se focar só nisso não tem investidor", disse Godoy a jornalistas.
"Não adianta só trabalhar na alavancagem. Precisa também melhorar a rentabilidade dos projetos", acrescentou.
Desde o lançamento da carteira de projetos de logística, o governo tem resistido a ampliar as taxas de retorno do investimento, mesmo sob pressão dos empresários. Em vez de ampliar o retorno dos projetos, o governo prefere ampliar o montante da obra que pode ser financiado e dar mais prazos na concessão.
Para Godoy, essa lógica acabará sendo derrotada. "Eu vou investir menos, mas o risco continua 100 por cento meu. O governo não está dando dinheiro, está emprestando. Tem que aumentar também a taxa de retorno do projeto desalavancado para não carregar demais a rentabilidade para o acionista na alavancagem, já que o risco continua sendo totalmente do empreendedor", argumenta.
Godoy diz que a taxa de retorno para projetos desalavancados gira em torno de 5,5 por cento ao ano. "Precisamos levantar isso até uns 7 por cento ao ano. Isso o governo não mexeu. Eu acho que aos poucos vai mexendo nisso", disse.
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