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Menos impostos e mais empregos |
Menos impostos e mais empregos| Foto:

Número de participantes poderia ser muito maior

Das mais de 140 mil empresas instaladas em Curitiba, cerca de 60 mil são prestadoras de serviço, e entre 22 mil e 23 mil recolhem regularmente o ISS e, portanto, são elegíveis para participar do Programa Curitiba Tecnológica. No entanto, para os pesquisadores Jedson César de Oliveira e Joseli Zonta, da Estação Business School, o número de participantes do programa ainda é baixo se considerado o universo de empresas que poderiam ser beneficiadas. "Uma de nossas sugestões para que a Agência melhore os resultados do programa é tentar conseguir junto à Secretaria Municipal de Finanças um aporte maior de recursos. Se o aporte aumenta, o número de empresas participantes também pode crescer. E já vimos que as empresas participantes estão oferecendo mais empregos", diz Oliveira. Para eles, principalmente as micro e pequenas empresas poderiam ser incluídas em maior número.

Para o gestor do programa, Manoel Barcelos, a prefeitura já reserva uma parte dos recursos (15% do total liberado) somente para atender a projetos de até R$ 40 mil – e aqui as pequenas empresas são maioria. E, neste caso, todo o recurso liberado pode ser investido em equipamentos. "É o caso da pequena empresa que compra uma impressora ou um computador." Projetos de R$ 40 mil a R$ 120 mil podem investir até 70% do valor liberado em equipamentos. Este porcentual cai para 50% em projetos que superam os R$ 120 mil.

Barcelos diz que só esta metodologia já privilegia as empresas pequenas. "Nós já temos uma divisão de valor, o que protege as pequenas", considera. Além disso, ele diz que a Agência tem procurado pequenos empresários para fazê-los entender e participar do programa. "Nós trabalhamos com sindicatos, associações, mas o pequeno sempre fica com o ‘pé atrás’ de buscar o recurso. Mas temos trabalhado para atender ao pequeno empresário."

No ano passado, segundo ele, cerca de metade dos projetos atendidos pelo Curitiba Tecnológica foram apresentados por pequenas empresas. (FL)

Inscrição pode ser feita pela internet

As empresas que desejam participar do Curitiba Tecnológica podem acessar o site da Agência Curitiba de Desenvolvimento (www.agenciacuritiba.com.br) para dar início ao processo de enquadramento no benefício. Podem participar todas as prestadoras de serviço que tenham recolhimento regular do ISS nos últimos dois anos, e crescimento na arrecadação. As empresas que recolheram até R$ 360 mil em ISS no ano anterior podem ter direito a até R$ 180 mil em dedução para utilização no projeto apresentado à prefeitura. Empresas que tenham recolhido mais de R$ 360 mil podem deduzir até 20% do valor. O projeto apresentado para a prefeitura pode englobar os seguintes itens para utilização do benefício: compra de equipamentos (exceto veículos), capacitação de recursos humanos, consultoria, aquisição ou desenvolvimento de software, despesas com viagens no escopo do projeto, livros técnicos e periódicos e infra-estrutura necessária à implantação do projeto. A proposta é avaliada por uma comissão composta por membros de diversas entidades, entre elas a Federação das Indústrias (Fiep), a Universidade Federal do Paraná (UFPR), o Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar), a Associação Comercial do Paraná (ACP) e órgãos da prefeitura, entre outros. (FL)

O faturamento das empresas inscritas no programa ISS Tecnológico, da prefeitura de Curitiba, cresceu em média 18,4% entre 2005 e 2007, bem mais que a elevação média das demais prestadoras de serviço instaladas na cidade, que foi de 5,4% no período. Os empregos diretos criados pelas empresas participantes do programa cresceram 10,1% de 2005 a 2007, superando o observado entre as empresas de serviços, comércio e construção civil de Curitiba, cujo aumento médio no emprego foi de 6,47%. Os dados são do estudo "Impactos Socioeconômicos do Programa ISS Tecnológico", desenvolvido pela Estação Business School em parceria com a Agência Curitiba de Desenvolvimento, gestora do programa.

O ISS Tecnológico (também chamado de Programa Curitiba Tecnológica) permite às empresas participantes a dedução de parte do Imposto Sobre Serviços (ISS) devido ao município. Trata-se de uma renúncia fiscal por parte da prefeitura, para que as empresas invistam parte do dinheiro que seria destinado ao pagamento do imposto em melhorias, compra de equipamentos e treinamento de mão-de-obra, entre outros (veja box ao lado).

O destino dos recursos deve constar de projeto apresentado à prefeitura, e um dos requisitos é aplicar pelo menos 80% deles dentro do próprio município. "Isso cria um círculo na cadeia produtiva da cidade. A empresa deixa de recolher imposto, mas as outras companhias que me abastecerem no meu projeto vão recolher mais, porque elas estão vendendo mais e prestando mais serviço", explica o gestor do Curitiba Tecnológica na Agência Curitiba, Manoel Barcelos. Ele diz que a ideia do programa é que o dinheiro renunciado pela prefeitura em impostos continue na cidade, ajudando as empresas a investirem em modernização e aquecendo a economia local.

Verificar este aquecimento e o impacto socioeconômico do programa era justamente o objetivo do estudo, diz a pesquisadora da Estação Joseli Zonta. "Esse programa está começando a maturar. No primeiro ano as empresas não sabem direito como pleitear o incentivo. À medida que o tempo passa os números vão ficando mais robustos", completa o economista Jedson César de Oliveira, outro responsável pela pesquisa na Estação Business School.

Criado em 2001, o programa começou a receber recursos efetivamente em 2005. Naquele ano, foram 54 empresas participantes, que somaram, juntas, R$ 2,48 milhões em investimentos com recursos oriundos da dedução de imposto. Em 2006, foram 99 empresas, com R$ 7,19 milhões. Em 2007 o número de empresas participantes caiu para 51, assim como o valor liberado pela prefeitura: R$ 5,5 milhões. No ano passado, no entanto, o valor destinado ao programa dobrou, para R$ 11,12 milhões, com 157 empresas participantes. No total, as empresas do ISS Tecnológico investiram R$ 26,3 milhões com recursos da prefeitura, e completaram seus projetos com outros 10,5 milhões de recursos próprios.

Emprego

O ritmo de crescimento do emprego nas empresas do ISS Tecnológico acelerou de 2005 para 2007 (os dados de 2008 ainda não estão disponíveis). Em 2005, o número de vagas cresceu 7,2% após a adesão ao programa. No ano seguinte, o avanço foi de 10%, passando para 16,8% em 2007. Em todos os casos, foi acima do apontado pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, para os setores pesquisados. "Não dá para dizer que o programa gerou tudo isso [de emprego], mas ajudou muito. A gente vê que o programa foi bem-sucedido em relação ao emprego", diz Oliveira.

A evolução do faturamento é ainda maior. Em 2005, observou-se uma elevação de 15,5% no faturamento das empresas inscritas. Em 2006, foram 17,1% e, em 2007, 28,2%.

Há ainda os empregos gerados fora da empresa, e que mostram a seguinte evolução: foram 171 em 2005, 663 em 2006, 420 em 2007 e 702 no ano passado. Em média, diz o estudo, com base em metodologia do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), 82% desse total permanece em Curitiba e região, e o restante é gerado em outras cidades ou estados.

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