Mensalidade escolar lidera alta da inflação

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Enquanto os alimentos, "vilões" da inflação em 2010, dão sinais de desaceleração nos preços, as mensalidades escolares assumiram a função de puxar os índices de preços em fevereiro. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi divulgado ontem pelo IBGE, e o grupo Educação, que subiu 5,81% no país, foi responsável por metade da alta de 0,80% registrada no mês passado. O aumento nas mensalidades escolares é típico do começo de ano, mas o IPCA subiu até na comparação com fevereiro de 2010, quando fechou em 0,78%.

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Além disso, na média nacional, os grupos Despesas Pessoais (inflação de 1,43%), Comunicação (0,49%) e Artigos de Residência (0,44%) também subiram mais em fevereiro que em janeiro. Vestuário foi o único grupo que teve deflação no mês passado (-0,25%).

O grupo Alimentos e Bebidas e o de Transportes, que foram os principais vilões do IPCA em janeiro, apresentaram uma forte desaceleração em fevereiro. Os gastos com alimentos e bebidas passaram de uma alta de 1,26% para um aumento de 0,23% no período. Essa desaceleração foi puxada pela queda na carne e no feijão. "No caso das carnes, o consumidor deu uma brecada no consumo e o preço acabou despencando", explicou a coordenadora de Índices de Preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos. Mas, segundo ela, ainda é cedo para se prever se essa desaceleração vai se manter nos próximos meses. O grupo Alimentos respondeu por 33% da inflação de 0,83% medida pelo IPCA em janeiro. Em fevereiro, a participação dos alimentos caiu para 6%.

Já as despesas com transportes se desaceleram em função de o grupo ter sofrido menor impacto de reajuste de tarifas de ônibus urbano. Os transportes responderam por 35% da inflação medida pelo IPCA em janeiro, mas a participação do item recuou para 11% em fevereiro.

Commodities

Segundo Araújo, a inflação não é exclusiva do Brasil no cenário atual. "Os alimentos estão mais caros em todo o mundo, puxando até os índices da Europa e dos Estados Unidos para cima", explica o professor de Economia da UFPR Fábio Araújo. O aumento da renda na Ásia e o consequente consumo maior seriam motivadores da alta no preço das commodities.

Depois de o preço dos alimentos aumentar índices de inflação em todo o mundo, agora a tendência é que o valor das commodities agrícolas se estabilize, segundo o professor de Economia Eugênio Stefanelo, da UFPR e da UniFAE. "As safras sul-americanas de milho, soja e trigo estão chegando agora e são grandes. Isso tende a frear um pouco os preços também no Brasil", diz ele, que também é ex-secretário de Estado da Agricultura.

Tendência

Além do esfriamento do preço das commodities, outros fatores vão influir para uma tendência de desaceleração do IPCA nos próximos meses. Segundo relatório da consultoria Rosenberg & Associados, os aumentos de Educação, Cigarros e Loterias não vão mais entrar na conta e devem permitir que a inflação diminua a um patamar próximo a 0,45%. Mesmo assim, a inflação acumulada permanecerá elevada, "sofrendo os efeitos da demanda aquecida ao longo de todo o ano", diz o texto.

De acordo com o último Focus, relatório divulgado pelo Banco Central mensalmente com a expecativa dos investidores do mercado futuro, o IPCA acumulado deve ficar em 5,8% no ano.

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