
Os bancos estão negociando com o governo federal a ampliação do teto para o uso do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para a compra da casa própria, que hoje só pode ser utilizado para imóveis de até R$ 500 mil. A notícia já anima o mercado imobiliário, que acredita que o valor deve acompanhar a valorização dos imóveis em todo o país. Entretanto, há quem considere a proposta abusiva, por apresentar reajuste maior que a inflação do período.
O pedido foi feito ao Banco Central pela Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), que até o fechamento desta edição não havia dado retorno aos contatos da Gazeta do Povo para explicar o porquê da proposta e para quanto deveria subir o limite. O jornal Folha de S.Paulo informou ontem que o valor máximo para o uso do FGTS subiria para R$ 750 mil o último aumento ocorreu em março de 2009, quando passou de R$ 350 mil para os atuais R$ 500 mil.
A possível aprovação da proposta já faz os olhos das imobiliárias de Curitiba brilharem. A Rede Imóveis, associação de 12 imobiliárias da capital, calcula que, se o teto para o uso do fundo subir para R$ 750 mil, ao menos 250 casas usadas e que estão no cadastro das instituições poderiam ser compradas com a utilização do FGTS. "Não há aspecto negativo nesta medida porque, além de acompanhar a valorização dos imóveis, coloca à disposição dos compradores aquelas casas que antes não podiam ser compradas com o benefício", salienta Luciane Nardelli, vice-presidente da associação.
Para o diretor comercial da VCG Empreendimentos, Alexandre Vianna, a medida possibilitaria a inclusão de novos compradores ao mercado e poderia oferecer outras facilidades. "Se a proposta incluísse ainda a diminuição da taxa de juros, ajudaria a liberar crédito mais barato", analisa. "Esperamos que a medida saia do papel ainda neste ano para que possamos planejar o ano que vem", opina Gustavo Selig, presidente da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário no Estado do Paraná (Ademi-PR).
Entretanto, o Instituto FGTS Fácil, entidade que assessora trabalhadores sobre o fundo, considera a proposta abusiva, por apresentar reajuste muito maior que a inflação acumulada no período. "A inflação de março de 2009 até agora está em torno de 14,5%, e em dois anos o teto subiria 50%. O reajuste deveria ser feito anualmente, com base na inflação. Porém, como o último reajuste já foi acima da inflação, ainda há muita gordura para queimar. Manter o valor atual faria com que as construtoras voltassem a praticar preços mais razoáveis", ressalta Mário Avelino, presidente da ONG.
A assessoria de imprensa do BC informou que o pedido se encontra em análise. Se a autoridade monetária aprovar a proposta, ela será encaminhada ao Conselho Monetário Nacional (CMN). Não há prazo definido para essa análise ocorrer.



