O mercado financeiro sabe que, devido aos altos custos da atual política monetária sobre a vida das empresas e devido também à queda do dólar, o Banco Central terá de prosseguir com a trajetória de redução nas taxas de juros, por menor que seja. A avaliação é do professor da Fundação Getúlio Vargas do Rio e mestre em Economia e Gestão da Ciência e Tecnologia do Instituto Superior de Estudos em Gestão (Iseg) de Lisboa, Rui Moreira de Carvalho.
De acordo com elel, as taxas elevadas de juros diminuem a capacidade de investimento das empresas. Por outro lado, cada dólar das reservas internacionais é aplicado com uma remuneração em torno de 4% ao ano, enquanto os dois reais equivalentes custam ao tesouro cerca de 18,5% ao ano.
- A diferença entre os dois níveis de remuneração sai do financiamento público. Mais cedo ou mais tarde, o Banco Central vai ter de alterar esta política de juros. A elevada sensibilidade à flutuação das taxas de juro, já que 53,4% da dívida é pós-fixada, sugere que o mercado "sabe" que isso vai acontecer. Trata-se de uma bomba-relógio que importa desligar da forma mais suave possível - adverte Rui, também docente da Universidade Lusófona.
Ele acredita que os cenários da economia brasileira para este são diversos, desde uma maior abertura comercial, passando pela redução de impostos e de custos da administração pública, até à reforma da legislação trabalhista e fiscal ou alteração da taxas de juro.
- Se a opção for simplista, ou seja, apenas reduzir a taxa de juros, os resultados serão inexpressivos. As despesas correntes necessitam de ser contidas, racionalizadas, focalizadas, para que se promova um desenvolvimento sustentável. O Brasil está dependente da sua capacidade política para superar as contradições de um modelo econômico que desperdiça oportunidades de crescimento. Vale a pena mais um esforço - aconselha.
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