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Sondagem Incentivo fiscal não é prioridade

O governo estadual não cogita dar incentivos fiscais a empresas interessadas em investir no Paraná, mas isso não deve atrapalhar a "candidatura" paranaense para sediar a fábrica da Toyota. Esse tipo de benefício pode até pesar na decisão da empresa, mas não é imprescindível.

O especialista em mercado automobilístico David Wong, vice-presidente da Kaiser Associates, explica que a cultura da montadora é de dar prioridade a baixo custo de mão-de-obra e agilidade logística, o que inclui acesso fácil a portos. Essas características – presentes no Paraná e em boa parte dos estados concorrentes – são idênticas às prioridades listadas por advogados que procuraram a Secretaria Estadual da Fazenda em janeiro, dizendo representar uma montadora.

Segundo Wong, a Toyota deverá manter em sigilo absoluto sua intenção até o anúncio oficial do novo local – que pode, inclusive, ser na Argentina, uma vez que a gestão da fábrica na América do Sul é conjunta. Sobre as sondagens que executivos da marca teriam feito no estado, o consultor acredita que elas significam muito pouco. "Eles podem estar apenas avaliando a disponibilidade de áreas, seu tamanho e preço, até para incluir esses itens em seus estudos", diz. (FJ)

O mercado de automóveis coleciona indícios de que o Paraná reforçou suas posições na disputa para sediar a nova fábrica da Toyota no Brasil. Com sua peculiar discrição, a montadora japonesa, que tem uma linha de produção em Indaiatuba (SP), procurou uma imobiliária de São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, em busca de um terreno para a unidade. Além disso, executivos da companhia visitaram Curitiba há duas semanas e discutiram com diretores de uma tradicional concessionária de veículos a intenção de instalar a fábrica na região.

A montadora não confirma, limitando-se a dizer que o local da nova fábrica não foi definido, e que tampouco existe um prazo para a decisão. A Secretaria Estadual de Indústria, Comércio e Assuntos do Mercosul não comentou o assunto, mas fontes do governo garantem que o secretário Virgílio Moreira Filho está à frente da negociação sigilosa. A prefeitura de São José dos Pinhais, onde já estão Volkswagen e Renault/Nissan, afirma desconhecer a possibilidade de o município receber sua terceira montadora.

A Toyota produz no interior paulista o sedã Corolla e a perua Fielder, e estuda a possibilidade de construir uma nova linha de produção, para três ou quatro modelos. Seriam veículos menores que o Corolla, mas não necessariamente populares – especula-se que um deles seria concorrente do Honda Fit. A fábrica planejada teria capacidade para produzir 200 mil veículos por ano, volume superior à da unidade de Indaiatuba e semelhante à da linha da Volkswagen em São José dos Pinhais.

Fontes do mercado afirmam que a Toyota deve anunciar sua decisão só em agosto ou setembro. Até lá, pelo menos seis estados brasileiros vão alimentar o sonho de sediar a unidade: São Paulo, Bahia, Pernambuco e os três estados da Região Sul.

Dentro do Paraná, São José dos Pinhais não estaria sozinha na briga pela Toyota. Em março, a Secretaria de Planejamento de Campo Largo, também na região de Curitiba, informou ter sido procurada por uma montadora.

Criadora do sistema Toyota de produção, considerado um dos mais eficientes do mundo, a montadora age com muita discrição. Ao contrário de algumas concorrentes, não faz alarde sobre seus investimentos e não estimula publicamente uma guerra de benefícios fiscais entre os estados – o que explica por que a disputa por sua nova unidade segue com tantos candidatos.

Em 2006, a Toyota produziu 58 mil veículos no Brasil, dos quais 16 mil foram exportados. As vendas no mercado nacional, onde a empresa ocupa a sexta posição, foram de 70,5 mil unidades, incluindo os importados Prado, RAV4, Camry, Hilux e SW4 – os dois últimos, fabricados na Argentina, não pagam taxa de importação. No ano passado, a empresa superou a Ford e tornou-se a segunda maior montadora do mundo, com quase 8,5 milhões de veículos vendidos.

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