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Poder aquisitivo de clientes e custo operacional influenciam na tabulação dos preços de cada loja | Aniele Nascimento/ Gazeta do Povo
Poder aquisitivo de clientes e custo operacional influenciam na tabulação dos preços de cada loja| Foto: Aniele Nascimento/ Gazeta do Povo

Conclusões

BIG foi o mais barato no conjunto dos itens pesquisados

O levantamento, realizado nos dias 23 e 24 de julho, utilizou dados do Disque-Economia, serviço da Prefeitura de Curitiba para a pesquisa de produtos em supermercados da capital, além de sondagem própria, e mostra que todas as redes tinham diferenças entre lojas do mesmo grupo.

Além da diferença de preços, o que chama a atenção é que a mesma rede pode oferecer, ao mesmo tempo, o item com o menor valor e o com o maior.

Isso aconteceu no Extra, por exemplo, onde o achocolato em pó custava R$ 3,89 no Alto da XV e R$ 4,19 na Avenida Kennedy, primeiro e último lugar quando o assunto é preço. Também foi constatado, no período do levantamento, no BIG: a farinha de trigo custava R$ 7,98 no Xaxim e R$ 6,24 no Jardim Botânico. No Muffato, um sabonete era vendido a R$ 1,98 no Tarumã e a R$ 1,75 no Portão (veja no gráfico no alto da página).

Campeões

Na relação entre produtos mais caros e mais baratos, para utilizar a dica da coordenadora do Laboratório de Orçamento Familiar da UFPR, Ana Paula Mussi Cherobim, que ensina a ganhar com o conjunto da compra, ganhou o BIG, com dez produtos entre os mais baratos dos dez mercados pesquisados e dois produtos entre os mais caros. Na outra ponta está o Muffato, com nove itens entre os mais caros e sete entre os mais baratos.

Justificativas

Supermercados apontam as razões para as diferenças

O Extra informou, por meio de nota, que realiza monitoramento diário em sua concorrência direta com foco nos produtos de maior relevância para o consumidor e que pratica ofertas diárias, o que pode ocasionar variações de preços pontuais, dependendo do dia, item e loja pesquisados. "Para garantir uma compra vantajosa aos consumidores, a rede oferece um amplo sortimento de produtos e marcas a preços competitivos e promoções em itens valorizados por seus clientes", ressalta a rede.

O Condor explicou, também por meio de sua assessoria de imprensa, que uma das razões para a diferença de preços está a negociação com a indústria, que pode oferecer itens mais baratos em uma loja em que seu concorrente vende mais. "Nestes casos, esse benefício é pontual e não é extensivo a outras lojas, ainda que da mesma rede. No nosso caso, optamos por aproveitar a oportunidade para levar essa vantagem ao menos para os consumidores da loja em questão", ressalta. Em relação à disponibilidade de produtos, a empresa explica que o mix de produtos pode variar de uma loja à outra e também, em alguns casos, o estoque pode esvaziar mais rapidamente devido a promoções.

Já o Walmart Brasil, que administra o hipermercado BIG, informou, por nota, que garante o menor preço na cesta total de produtos, pois, segundo o comunicado, a rede não faz ajustes todos os dias nos valores. "Sendo assim, as diferenças de preço podem acontecer no item a item, como a reportagem mostra, inclusive devido a ações pontuais da concorrência nos ajustes de preços, mas a compra final é mais barata, em qualquer dia da semana. Pois, lembrando, a pesquisa refere-se a um determinado dia e não período."

Procurado, o Carrefour não se posicionou até o fechamento da edição.

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Quem frequenta a mesma rede de supermercado pode levar um susto ao entrar em uma unidade diferente da que está acostumado: a diferença de preço entre os estabelecimentos, mesmo que de igual bandeira, pode chegar a 50%. Lojas de mesmo nome, mas endereços diferentes também apresentam diferenças de preço. Basta mudar de bairro para notar. É o que mostra um levantamento feito pela reportagem da Gazeta do Povo em dez supermercados de cinco redes diferentes que atuam na Grande Curitiba, durante essa semana.

Carrefour (Mossunguê e Pinhais), Extra (Alto da XV e Avenida Kennedy), BIG (Xaxim e Jardim Botânico), Condor (Cristo Rei e Avenida Brasília) e Muffato (Tarumã e Portão) foram os estabelecimentos visitados.

O levantamento mostra que em todas as redes havia diferenças entre os supermercados, seja nos preços ou na disponibilidade de produtos. A maior variação, de 50%, foi encontrada no Carrefour, no preço do macarrão, que custava R$ 1,19 no Mossunguê e R$ 1,79 em Pinhais. A menor variação encontrada, de 7,5%, foi verificada no Condor, também no pacote de macarrão: R$ 1,99 no Cristo Rei e R$ 1,85 na Avenida Brasília.

Há diversas razões para explicar essas variações. Entre elas está o poder aquisitivo de cada bairro, o poder de negociação de cada loja e o custo operacional, que pode variar de 12% a 25% do faturamento de cada unidade, segundo o professor do Núcleo de Estudos e Negócios do Varejo da ESPM, Roberto Nascimento Oliveira. "O preço é diferente em todas as regiões do país. Ele é diferente também por causa do comprador: conforme a demanda de cada região, um produto pode ficar mais barato ou mais caro. Além disso, bairros com maior poder aquisitivo tendem a ser mais caros", explica.

O professor de Economia da PUCPR Fabio Tadeu Araújo também considera o perfil do bairro como um dos fatores para originar a mudança de preços. "A empresa pode ter uma margem maior em alguns produtos, porque bairros com poder aquisitivo maior tendem a ter uma sensibilidade menor aos preços", ressalta. Ele pontua ainda o tempo de prateleira e a rotatividade de um produto na loja como motivos para as diferenças.

A disponibilidade do produto na prateleira é uma das variáveis para formular o preço nas etiquetas, explica o gerente comercial do Muffato, Adilson Correa. "Os preços da rede são os mesmos, o que pode acontecer são ofertas localizadas, específicas em determinada loja, adequadas ao perfil do consumidor daquela região da cidade, mas o gerente tem uma autonomia limitada para alterar o preço de alguns itens e atender o perfil do seu consumidor", pondera Correa.

Para conseguir escapar das oscilações, o ideal para o consumidor é conhecer seu perfil de compra e conseguir ter ganhos na média dos preços.

Achar loja com o seu perfil é a solução

Uma das maneiras para se precaver das diferenças de preços entre supermercados é adotar a mesma estratégia das redes na hora de etiquetar os produtos: economizar tirando vantagem do conjunto de itens, para não precisar se deslocar atrás das ofertas. A recomendação é da coordenadora do Laboratório de Orçamento Familiar da UFPR, Ana Paula Mussi Cherobim.

A professora explica que a política de preços dos supermercados dá margem para que as empresas trabalhem com os produtos: aqueles itens com a maior saída em um supermercado têm valor com desconto para servir de chamariz, enquanto outros têm uma elevação para compensar a redução.

"Alguns produtos são mais baratos em diferentes supermercados, mas o consumidor precisa conhecer seu perfil de consumo e saber qual é a loja que oferece o melhor valor em cada ocasião. O que interessa para o consumidor é que o total da compra seja mais vantajoso, não apenas itens aleatórios, a menos que eles sejam de grande demanda da pessoa", explica Ana Paula.

Outra recomendação é ficar de olho na lista de compras e buscar o supermercado que oferece o melhor preço naqueles itens, como produtos de limpeza, higiene pessoal ou perecíveis. A dica também vale para o dia de cada produto. "O consumidor pode aproveitar o dia de promoção de carne, verdura ou leite, e fazer suas compras", ensina.

A principal defesa do consumidor quando o supermercado oferece um item em um valor que extrapola o considerado normal, segundo a professora, é não comprá-lo. "A pessoa pode experimentar outra marca ou se não gosta de outra, simplesmente não comprar. Não é questão de economia ou de não ter dinheiro para levar o produto: é uma questão de posicionamento do consumidor, uma resposta concreta quando o preço está alto", ressalta Ana Paula.

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