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Setor de madeira compensada foi o que mais aumentou as vendas ao exterior no 1º semestre. | Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
Setor de madeira compensada foi o que mais aumentou as vendas ao exterior no 1º semestre.| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

Apesar da ajuda do dólar valorizado, as exportações de produtos do Paraná caíram em todos os segmentos – básicos, semimanufaturados e manufaturados –no primeiro semestre do ano, em comparação com o mesmo período de 2014. As vendas de manufaturados, em tese os mais beneficiados pelo câmbio, faturaram US$ 2,6 bilhões e registraram a menor queda (3,8%) nos embarques do estado. Enquanto isso, as commodities agrícolas, que não sofrem pressão do câmbio em suas cotações, amargaram retração de 18,4%, enquanto os semimanufaturados caíram 5,5%.

Apesar de ser inegável que o real depreciado torne os produtos industrializados (semimanufaturados e manufaturados) mais competitivos no mercado internacional, o cenário de câmbio favorável esbarra em limitações contratuais e na lentidão econômica dos países consumidores, que têm dificuldade em agilizar o fechamento de novos contratos de compra.

O presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, afirma que mesmo que o produtor consiga vender imediatamente, existe um período de defasagem de pelo menos seis meses. “A taxa de câmbio ajuda, mas não é imediata. Ao contrário das commodities, quem compra manufaturados tem contrato. Então eu posso ter um preço bom agora, mas o possível comprador provavelmente já tem um contrato de fornecimento com alguém. E só quando esse contrato acabar é que ele poderá fazer uma nova compra”, diz.

Mercado perdido

Segundo o economista Roberto Zurcher, da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), a exportação de produtos manufaturados vem diminuindo desde 2007. No ano anterior, as vendas para o exterior de manufaturados representaram 57,4% do total exportado pelo Paraná. No ano passado, esse tipo de embarque respondeu por apenas 35,6% do total vendido pelo estado. No primeiro semestre deste ano, as vendas para o exterior de manufaturados representaram 36% do total. Incluindo os números dos semimanufaturados na conta, a representatividade chega a 46,3%.

Por este motivo, a reação do câmbio é tão difusa entre os setores dos manufaturados, que acabam dependendo mais da situação do mercado consumidor dos produtos. É o caso da indústria automotiva, que tem como principal destino dos produtos a vizinha Argentina alternando momentos de crises econômica com barreiras alfandegárias.

No primeiro semestre, os argentinos importaram US$ 143,9 milhões das montadoras e indústrias de autopeças do Paraná. Nos seis meses iniciais do ano passado, esse valor foi de US$ 176,2 milhões. Isso representa uma retração de 18,3%. Já as vendas de veículos para o México, segundo maior mercado do Paraná, cresceram 156,5%, mas o montante não foi suficiente para compensar o recuo no comércio com a Argentina.

Europa e EUA

No ranking dos principais produtos exportados pelas empresas do Paraná, o setor de madeira compensada foi o que mais cresceu no primeiro semestre, com US$ 185,3 milhões em embarques, o que representa um aumento 18,6% ante o ano passado. Os principais mercados do setor são alguns países da Europa, como Bélgica, Alemanha e Reino Unido, e também os Estados Unidos.

“Claro que a taxa de câmbio melhorou a condição de venda e tornou o produto brasileiro manufaturado mais competitivo, mas precisa ter mercado. E o mercado que temos hoje para eles é basicamente os Estados Unidos. Não temos tanto espaço para crescer porque não nos preparamos para exportar manufaturados”, diz Castro.

Expectativa para 2015

Com as importações também em queda, a expectativa é que a balança comercial do país feche o ano com um superávit baixo. Em junho, o resultado foi positivo em US$ 4,5 bilhões, maior número para o mês desde 2009. Segundo José Augusto de Castro, presidente da AEB, tudo indica que pela primeira vez a corrente de comércio brasileira feche o ano abaixo dos US$ 400 bilhões, prejudicada tanto pela queda nas exportações quanto nas importações.

Estado ganhou em volume, mas perdeu em faturamento

Em volume, as exportações do Paraná neste primeiro semestre foram maiores do que em 2014, mas isto não foi suficiente para aumentar a rentabilidade das vendas. Enquanto neste ano as empresas embarcaram 11,3 bilhões de quilos em mercadorias, no mesmo período do ano passado foram 11,1 bilhões. Isto quer dizer que o estado ganhou em volume, mas os produtos foram vendidos com preços mais baixos.

Um bom exemplo é o óleo de soja, quinto principal produto vendido pelo estado, que aumentou cerca de 6% suas vendas em volume, mas encolheu 12,1% em faturamento. Assim como o farelo de soja, outro produto na lista dos mais exportados, que ganhou 3,8% em volume de embarques, mas perdeu 23,4% em valor.

Do início de maio até o fim de junho, o preço do farelo de soja caiu 3,3% em Campinas, relevante praça de referência de grãos. As estatísticas mais recentes do setor mostram que, em maio, a produção de farelo no Brasil foi a menor para o mês desde 2006, segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove).

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