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O ministro da Fazenda, Guido Mantega, admitiu nesta terça-feira (28) a possibilidade de não cumprimento da meta cheia de superávit primário das contas do setor público em 2010, de 3,1% do Produto Interno Bruto (PIB).

"Estamos trabalhando para o governo (central) cumprir a meta cheia, mas há algumas dificuldades para estados e municípios. A União vai cumprir os 2,25%, mas não sei se serão atingidos os 3,1%", afirmou ele, na portaria do Ministério da Fazenda.

O superávit primário representa a economia feita para o pagamento dos juros da dívida pública. O governo tem como meta para este ano um superávit primário consolidado – economia do setor público para pagar os juros da dívida – de 3,1% do Produto Interno Bruto (PIB).

"Como em dezembro houve um aquecimento da economia em geral, tivemos um Natal muito bom, as vendas aumentaram, então o faturamento também aumentará e a disponibilidade de recursos para Estados e municípios, então eles deverão também ter uma melhoria fiscal. A União fará sua parte, eu não posso me comprometer pelos Estados", acrescentou o ministro.

Em outubro, o setor público consolidado registrou o menor superávit primário para o mês desde 2005, mantendo o saldo acumulado em 12 meses ainda distante da meta fixada para o ano, segundo dados do Banco Central.

O superávit do setor público foi de R$ 9,7 bilhões em outubro, quase 30% abaixo do saldo positivo de R$ 13,8 bilhões em igual intervalo do ano passado. Em 12 meses, o saldo positivo acumulado corresponde a 2,85% do PIB.

Salário mínimo

Mantega afirmou que, apesar de ainda haver possibilidade de negociação sobre o reajuste do salário mínimo em 2011, se depender dele o novo mínimo será mesmo de R$ 540. O ministro afirmou ainda que esse valor foi o acertado dentro do governo como o melhor para ajudar a manter os gastos e, principalmente, evitar um rombo nas contas da Previdência.

A despeito dos boatos que circulam na Esplanada dos Ministérios, o ministro descartou ainda mudar a presidência do Banco do Brasil (BB). "Aldemir Bendine está firme e sólido no cargo", disse. Segundo ele, não deve ocorrer por hora qualquer anúncio sobre mudanças nas presidências dos bancos públicos. "Ainda não estamos tratando dessa questão", afirmou.

China

Segundo o ministro, o aumento dos juros chineses deve resultar em uma desaceleração da economia mundial em 2011, devido ao peso da China na recuperação do mercado global. De acordo com ele, no entanto, essa desaceleração já era esperada devido "ao refluxo das medidas de estímulo tomadas durante a crise e que agora estão sendo retiradas".

Para ele, por conta disso, o crescimento brasileiro também será afetado. "Quando a China coloca o pé no freio, afeta os outros países, uma vez que os emergentes agora têm peso maior", disse. De acordo com o ministro, o aumento dos juros determinado pelo governo chinês tem o objetivo de conter a inflação no gigante asiático.

Um dos motivos das pressões inflacionárias foi a política anticíclica, adotada pelo governo da China durante a crise, de concessão de crédito, que injetou US$ 1,2 trilhão no mercado. "Talvez tenha sido um pouco exagerado e acabou resultando numa bolha imobiliária", disse Mantega.

Além disso, conforme o ministro, a China seria muito sensível ao aumento dos preços das commodities alimentícias. "Quanto menor é a renda da população, maior é o peso do custo dos alimentos na inflação", concluiu.

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