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Improviso

Renault aluga salas para administrativo

A greve é dos metalúrgicos, mas funcionários de áreas administrativas das montadoras também não tem trabalhado – ao menos não nos lugares convencionais. Como os grevistas impedem o acesso às fábricas, a solução encontrada pela Renault foi alugar salas de hotéis e até de faculdades de Curitiba e São José dos Pinhais, por onde espalhou seus funcionários da administração. "Estamos na base do improviso. Mas não dá para fazer tudo daqui, longe da fábrica. Não consigo tocar nem 10% do trabalho normal", diz um deles, que está trabalhando com cerca de 20 colegas em um hotel de Curitiba.

Segundo ele, a parada da fábrica compromete a formação de estoques para as próximas semanas, quando as montadoras tentarão convencer o consumidor a comprar seu carro antes do aumento do IPI – o imposto começa a ser elevado a partir de 1º de outubro. "As lojas estão vendendo, mas os veículos não estão sendo repostos. Vai chegar uma hora em que o cliente não conseguirá comprar determinado modelo", diz o funcionário. "Quando a greve terminar, a ideia é implantar um esquema de horas extras, para tentar compensar o tempo perdido." (FJ)

Os 2,6 mil metalúrgicos da unidade da Volvo em Curitiba decidiram se unir aos 8,5 mil trabalhadores das fábricas da Renault e Volkswagen em São José dos Pinhais, na região metropolitana, e iniciaram uma greve por tempo indeterminado na manhã desta terça-feira (15). A decisão foi tomada em assembleia, que, segundo o sindicato, contou com a aprovação da grande maioria dos funcionários. Na Renault e na Volkswagen, a paralisação já dura quase duas semanas.

Na segunda-feira (14), a Volvo ofereceu reajuste salarial de 6,53%, o que representa aumento real de 2%, mais um abono de R$ 2 mil, ambos para outubro, além da garantia de estabilidade de todos os operários até o início de dezembro. O sindicato dos trabalhadores, entretanto, pede aumento real de 5% e abono de R$ 2 mil já em setembro, além de elevação do piso salarial para R$ 1,5 mil, aumento do vale-mercado de R$ 60 para R$ 120 e garantia de estabilidade até o dia 31 de dezembro.

"A proposta é quase a mesma que foi feita para os trabalhadores da Renault e da Volkswagen, que também rejeitaram", diz Nelson Silva de Souza, diretor do SMC. "Ainda está longe do que reivindicamos". Por volta das 8h30 desta terça, logo após a assembleia, as atividades foram totalmente paralisadas na fábrica, que produz, em média, 80 ônibus e caminhões por dia.

Empresa se diz surpresa com greve

A direção da Volvo informou, em nota à imprensa, que se surpreendeu com o início da greve. A empresa afirma que acompanhou a votação dos trabalhadores e que, na ocasião, a maioria dos trabalhadores manifestou-se pela aceitação da proposta. "O sindicato, ao contrário, entendeu que a posição dos funcionários estava dividida, meio-a-meio, e decidiu, estranhamente, conduzir pela deflagração de uma greve", diz o texto. A montadora afirma ainda que tem uma gravação em vídeo que mostra que a decisão majoritária foi pelo acolhimento da sugestão da empresa.

Ainda segundo a Volvo, a proposta é melhor que os termos negociados por montadoras de outros estados brasileiros. "É o caso, por exemplo, do abono de R$ 2 mil concedidos pela Volvo, ante os R$ 1,5 mil ofertados por indústrias de outras regiões", finaliza a nota.

Renault e Volkswagen

Também em assembleias no início da manhã desta terça-feira, os 3,5 mil trabalhadores da Volkswagen e os 5 mil funcionários da Renault decidiram manter a paralisação nas duas fábricas, iniciadas, respectivamente, nos dias 3 e 4 de setembro. As duas montadoras de São José dos Pinhais ofereceram reajuste de 6,53% a partir de novembro, e abono de R$ 2 mil neste mês. O sindicato pede 10% de aumento.

Uma audiência entre o sindicato dos trabalhadores e a diretoria da Renault, realizada no Tribunal Regional do Trabalho (TRT), em Curitiba, terminou no fim desta manhã ainda sem acordo. A empresa não chegou a apresentar nova proposta, e os representantes dos metalúrgicos não recuaram nas reivindicações. Segundo a assessoria de imprensa do TRT, a montadora se comprometeu a levar os pedidos à sede da empresa, na França, e levar uma resposta aos funcionários em uma nova reunião, que ficou marcada para as 14 horas de quarta-feira (16).

No início da tarde, a audiência entre o SMC e dirigentes da Volkswagen, iniciada às 11 horas, permanecia em andamento, segundo o TRT.

A cada dia de paralisação a Volkswagen deixa de fabricar 850 unidades dos veículos da linha Fox e Golf. Já a montadora francesa calcula que deixa de produzir em média 650 veículos de passeio por dia, além de 180 utilitários.

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