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Um levantamento feito pela consultoria Economática mostra que as ações do Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), que mais subiram este ano são dos setores de mineração, siderurgia e metalurgia, construção, comércio, consumo e agroindústria. Segundo analistas ouvidos pelo GLOBO, são empresas que se beneficiam do cenário de queda de juro e expansão do crédito, que beneficiam o mercado interno. Mas também são companhias que sofreram grandes perdas no ano passado, quando o recrudescimento da crise europeia fez a Bolsa brasileira encerrar o ano com perda de 18,11%. Algumas sobem devido a um ajuste técnico.

O levantamento da Economática analisou o desempenho das ações do Ibovespa entre o dia 31 de dezembro e 23 de março. Todas elas superam o desempenho do Ibovespa que, no mesmo período, registrou alta de 15%. A maioria delas subiram quase duas vezes mais do que o indíce e algumas delas mais de três vezes.

"São empresas que se beneficiam do cenário de queda de juro projetado para este ano e do mercado local. A Gerdau, por exemplo, tem plantas nos Estados Unidos, mas é uma empresa brasileira ligada ao mercado interno. Essas empresas tiveram uma desvalorização muito forte no ano passado e também há um ajuste do mercado", diz o economista Fausto Gouveia, da Legan Asset.

De acordo com o economista da Legan Asset, o preço das ações ON da Hypermarcas caiu de R$ 22 para R$ 8 no ano passado. Agora está em R$ 13. A fabricante de bens de consumo penou no ano passado porque, segundo analistas, atuava em muitos setores, sem ter foco estratégico. No fim do ano passado, a Hypermarcas anunciou a venda da Etti para a Bunge Brasil e da Assolan para a Química Amparo, focando-se no setor de medicamentos e higiene pessoal, onde é líder. Há rumores no mercado de que o banco BTG Pactual tem interesse em entrar no capital da empresa. Na semana passada, a Hypermarcas anunciou uma joint-venture com os laboratórios Aché, EMS e União Química para a formação do Bionovis - laboratório que vai desenvolver medicamentos biotecnológicos no país. Analistas recomendam a manutenção das ações da Hypermarcas na carteira de investimentos.

Bruno Piagentini e Marco Barbosa, analistas do setor de metalurgia e siderurgia da Corretora Coinvalores, lembram que as ações da Usiminas PNA e Gerdau PN caíram 46% e 34,6%, respectivamente no ano passado. Do início do ano até agora, ambas já subiram quase 30%.

"O cenário de queda de juro estimula o investimento. Mas a Usiminas, por exemplo, quer sair dos setores automotivo e mecânico, focando em aços planos, que é seu negócio principal. Além disso, a queda de 16% nas importações de aço em janeiro ajudam os papéis da empresa, já que as compras de aço no mercado interno aumentam. A prorrogação do IPI na linha branca também é um fator positivo para a Usiminas. São sinais de uma melhora setorial que está bem no começo e melhoram as perspectivas para os próximos anos", avalia Piagentini.

A Gerdau sofre menos com a concorrência dos importados, já que atua no setor de aços longos.

"O fato de a empresa ter plantas nos EUA para aços especiais é um fator positivo, já que há uma tendência de recuperação no setor automotivo que também melhora com a recuperação da economia americana. A demanda de aços longos para os próximos anos é positiva, a despeito dos sinais de desaceleração na economia chinesa. O Brasil também precisa melhorar sua infraestrutura. As perspectivas para médio e longo prazo são de valorização destes papéis", explica o analista da Coinvalores.

Além desses fatores, diz Piagentini, a vinda de capital estrangeiro para a Bovespa ajuda na valorização dos papéis desse setor e da Bolsa, como um todo.

O economista Fausto Gouveia, por sua vez, afirma que os papéis da Hering são bem vistos pelo mercado e nove entre dez analistas recomendam sua compra. Ele diz que as ações da Renner também se beneficiam do cenário de expansão de crédito, assim como as ações da construtora MRV. Já os papéis da Vanguarda Agro (V-Agro) reagiram, em janeiro, ao anúncio de que o banco BTG Pactual ficou com mais de 10% da empresa ao transformar uma dívida que o principal acionista da companhia, Otaviano Pivetta, tinha com o banco. Mas o banco acabou leiloando os papéis da V-Agro.

"A V-Agro é uma empresa que produz biodiesel e havia a expectativa de que a Petrobras a comprasse, o que não aconteceu. Além disso, o valor das ações é muito baixo e qualquer oscilação de centavos representa muito", analisa Gouveia.

Os papéis ON da V-Agro estão sendo negociados a R$ 0,45.

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