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Segundo o ministro de Minas e Energia, medidas foram discutidas com o setor privado e têm o aval da presidente Dilma Rousseff | Wilson Dias/ABr
Segundo o ministro de Minas e Energia, medidas foram discutidas com o setor privado e têm o aval da presidente Dilma Rousseff| Foto: Wilson Dias/ABr

Exaustão

Projetadas para uso eventual, térmicas funcionam sem parar

Agência O Globo

Contratadas pelo governo para operar, em média, quatro meses por ano, as usinas termelétricas estão há um ano e meio ligadas ininterruptamente. Essas usinas – movidas a gás natural, carvão, diesel, entre outros combustíveis – têm sofrido com a fadiga. E o trabalho excessivo não permite gerar a energia esperada pelo governo todos os dias para fazer frente à falta de água nos reservatórios das hidrelétricas.

Segundo levantamento feito pela Associação Brasileira de Geradoras Termelétricas (Abraget) com dados oficiais do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), o percentual médio das usinas paradas, em manutenção, saltou no segundo semestre do ano passado. Se em 2013 esse índice oscilou entre 2% e 5%, em 2014 essa parcela variou entre 4% e 11% – o pico foi registrado em setembro, quando seis usinas pararam. Segundo a Abraget, o padrão mundial considerado tolerável é de 5%. Este limite foi alcançado em agosto e superado nos dois meses seguintes.

O ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, confirmou ontem que o governo vai colocar em prática um plano emergencial para garantir o abastecimento de energia no país nos horários de maior demanda, entre 14h e 17h. O foco é incentivar o uso de geradores próprios pelo comércio, shopping centers e hotéis durante a tarde e a produção de energia por indústrias e produtores independentes.

Na segunda-feira retrasada, um blecaute afetou 11 estados e o Distrito Federal pouco antes das 15 horas, em um momento que o consumo de energia batia recorde na região Sudeste.

"Vamos tomar ações junto a produtores independentes, áreas comerciais, shoppings centers e à indústria que tem sua própria energia para que possamos acionar esses equipamentos no período da ponta de carga", afirmou o ministro, ao chegar à cerimônia de posse dos novos senadores, no Congresso. "Essas medidas serão tomadas para que possamos passar por esse momento crítico com maior tranquilidade."

Braga disse que as medidas do plano foram decididas após reuniões com o setor privado, Agência Nacional de Energia Elétrica e Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). A presidente Dilma Rousseff, disse ele, aprovou essas ações de curtíssimo prazo. "O plano já está sendo construído e ao mesmo tempo entrando em execução. Teremos nova reunião da questão climática no dia 12 e novas medidas poderão surgir a partir daí", disse.

Braga admitiu que é preciso reforçar a geração de energia no horário de ponta, das 14h às 17h. No passado, o período de maior demanda era entre 18h e 21h. "Temos que mudar a forma de manejar e administrar a energia de reserva que o Brasil tem para atender as pontas de carga. Esse é o trabalho que estamos fazendo."

Médio prazo

Como medidas de médio prazo, o ministrou mencionou que autorizou um novo leilão A-5. Além disso, haverá troca nos equipamentos das linhas de transmissão para que seja possível transferir mais energia do Norte para o Sudeste.

Obras

Geradoras têm de pagar por atrasos, dizem distribuidoras

O presidente da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), Nelson Leite, se encontrou na semana passada com o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, para pedir que o governo se empenhe em derrubar liminares que livram empresas geradoras de eletricidade de pagar pela energia não entregue de empreendimentos em atraso.

De acordo com o executivo, entre janeiro de 2013 e dezembro de 2014, o prejuízo causado por essas obras de geração e de transmissão em atraso é da ordem de R$ 10,8 bilhões. "Atualmente, essas empresas conseguem liminares alegando excludente de responsabilidade pelos atrasos e, com isso, as distribuidoras são obrigadas a comprar energia no mercado de curto prazo. E quem paga essa conta são os consumidores", disse o executivo.

Nelson Leite citou os atrasos na entrega de energia pelas usinas de Santo Antônio e Jirau, em Rondônia; o atraso em linhas de transmissão de usinas eólicas localizadas na Bahia e ainda as usinas térmicas da Bertin, que nunca chegaram a ser construídas. "O justo seria que os responsáveis pelos atrasos pagassem essa conta, não os consumidores", completou.

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