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Depois de quase um ano de negociações, a Ripasa comemorou recentemente a decisão sobre sua reestruturação societária, resultado da compra pelas empresas Votorantim Celulose e Papel (VCP) e Suzano. Quando anunciaram o negócio, as novas controladoras pretendiam que os acionistas minoritários migrassem para as duas em cotas iguais de ações. Uma ação judicial movida pelos pequenos, no entanto, impediu a negociação.

Na época, os fundos de investimento – que detinham menos de 5% do capital da empresa – exigiam melhores termos. E conseguiram. Em um acordo extrajudicial, VCP e Suzano concordaram com um adicional de R$ 1,0538 por ação. "No início, cada ação correspondia a R$ 3,14. Em abril, elas foram negociadas a R$ 5,26, um ganho de 67,3% para os acionistas", diz Fernando Tendolini, gestor de dois dos fundos participantes, Sinergia I e II, da Fator Administração de Recursos.

Assim como no caso Ripasa, a participação de acionistas minoritários na gestão das companhias vem ganhando espaço no mercado brasileiro de capitais. "Essa é a tendência atual. A nova forma de gestão é com governança corporativa." E são justamente fundos como os Sinergia os principais agentes desse movimento. Às vésperas de completar seu décimo aniversário, o termo governança – definido como o esforço das companhias em alinhar os objetivos da administração com os de seus acionistas vem ganhando importância na gestão das empresas de capital aberto.

Atuam nesse segmento hoje pelo menos cinco grandes fundos – os Sinergia II e III, administrados pela Fator; o Bradesco Templeton de Valor e Liquidez, que deverá ser liquidado em junho de 2006; o Dynamo Cougar e o IP-Participações, administrados pela Investidor Profissional (IP). Segundo Ten-dolini, os fundos Sinergia buscam investir em empresas com zero de governança, ou que estejam passando por uma reestruturação, para acompanhar todo o seu processo de crescimento. "Temos um trabalho ativo de melhorar a governança nessas companhias e, com isso, fazer com que os seus ativos sejam mais atraentes para o mercado e tenham preços melhores."

O primeiro fundo da Fator com esse foco, o Sinergia I, foi lançado em dezembro de 1997 e quando encerrado, em março deste ano, havia acumulado rendimentos de 703,32%, contra alta de 312,62% do Ibovespa no mesmo período.

O Sinergia III foi lançado em fevereiro de 2006 e assim como seus antecessores é fechado (o investidor não pode retirar o recurso investido antes do seu fim) e atende a investidores institucionais ou pessoas físicas qualificadas (com ativos financeiros acima de R$ 300 mil). "Pelas características do nosso trabalho, ele só é possível no médio e longo prazo e temos que ter estabilidade na carteira."

Lançado em 1003, o IP-Participações acumula desde então rendimentos superiores a 2.000% se-gundo a gestora, além de exemplos de sucesso na atuação junto às companhias. Os focos do investimento, segundo um dos sócios da IP, Bruno Levacov, são companhias de menor liquidez ou com ativos subavaliados. "Conversamos com a empresa, clientes e fornecedores para conhecer seu modelo de administração e seus planos, e saber onde o negócio vai chegar", explica. "Se é uma empresa de varejo, não vamos decidir os pontos ou a margem de lucro em que ela vai trabalhar. Queremos influenciar naquilo em que podemos agregar valor, como a alocação de capital, onde investir e como. Foi assim, por exemplo, com a Elevadores Atlas, a partir de 2005. "Percebemos que na época tratava-se de uma holding com pequena liquidez (Indústria Villares), mas que tinha uma jóia, a Atlas."

A IP sugeriu e contribui para o processo de cisão das companhias. Segundo Levacov, o case é um dos mais bem sucedidos da Investidor Profissional e o capital investido inicialmente foi multiplicado em mais de 10 vezes em apenas 3 anos e meio.

Os fundos contribuem principalmente na indicação de membros para os conselhos fiscais e administrativos dessas companhias. Segundo o gestor do IP-Participações, essa "interferência" acontece em harmonia com a administração da empresa, já que os interesses são comuns. "E tem ficado mais fácil porque temos exemplos de bons resultados. Mas ainda é um processo de aprendizagem pelo qual estão passando companhias e investidores."

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