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Aos 26 anos, o jovem administrador Leandro de Almeida conseguiu comprar um carro 0 km. Hoje, com 28, ele se prepara para comprar um imóvel usando recursos próprios aplicados em um fundo de investimentos. O feito foi possível graças ao programa de remuneração variável da empresa em que trabalha desde 2002 – a América Latina Logística (ALL).

A trajetória de Leandro é um exemplo das oportunidades que a empresa, instalada há nove anos em Curitiba, oferece aos funcionários. Formado por uma das mais conceituadas escolas de administração do país, a Fundação Getúlio Vargas (FGV), de São Paulo, Leandro enfrentou quinhentos candidatos para uma vaga como trainee da companhia. Em quatro anos de trabalho, passou pelas funções de analista, coordenador e, há poucos meses, foi promovido a gerente de planejamento industrial. Também fez uma especialização na FGV de Curitiba. Da sua turma de faculdade, ocupa a fatia dos 10% mais bem colocados no mercado de trabalho.

O sucesso do jovem administrador está diretamente ligado ao caminho percorrido pela ALL, desde que foi comprada da União, em um leilão de privatização, durante o governo FHC. Os números apresentados no último balanço da companhia são impressionantes. O faturamento hoje é sete vezes maior que na data da aquisição. Em 2004, abriu o capital, e seus papéis tiveram valorização de 190% neste período na Bovespa.

Modelo

Para os executivos da companhia, o bom desempenho é atribuído ao modelo ALL de gestão de pessoas, inspirado nas empresas americanas da década de 90. A ALL segue a cartilha do grupo GP – que está por trás das Lojas Americanas, a Brahma, o antigo Banco Garantia e hoje administra a Inbev (fruto da fusão da Ambev com a Interbrew e maior fabricante de cerveja do mundo).

Esta última enfrentou, no final de março, em sua sede na Bélgica, uma greve de 24 horas. Os funcionários protestavam contra mudanças impostas pelo grupo de brasileiros que assumiu a direção. Entre elas, corte de custos, demissão de 500 funcionários e foco na produtividade e rentabilidade da direção ao chão de fábrica.

O modelo agressivo de gestão, com profissionais jovens e bem preparados, foco em resultados e remuneração variável, é também utilizado pela ALL – embora a direção da empresa esclareça que não tem tido problemas com empregados insatisfeitos. "Nenhum modelo é perfeito pois as empresas são feitas de pessoas, e ninguém é perfeito. Nós procuramos o melhor e, principalmente, ouvimos os nossos funcionários, sempre", explica o diretor de Gente e Relações Corporativas, Pedro Roberto de Almeida.

O executivo lembra, porém, que a ALL sofreu resistência quando o modelo de gestão foi implementado. "Houve redução do quadro de funcionários, redução de custos e um grande trabalho para mudar a mentalidade típica de funcionários públicos na empresa."

Transparência

O modelo de gestão ALL está presente nas instalações da binacional em Curitiba, na Vila Oficinas. No prédio da administração, por exemplo, não há divisórias – a idéia é aplicar, na prática, o princípio da transparência. Os diretores e o presidente ficam todos numa única sala, separada por uma divisória de vidro do resto da administração.

As metas individuais, de setores e até do presidente, ficam todas fixadas nas paredes – a chamada gestão à vista – e sobre elas são colocadas bolinhas de cores diferentes. Verde significa que a meta foi cumprida. Amarelo, atenção, e vermelho, problemas a tempo de serem resolvidos. Todos, portanto, ficam sabendo as metas dos demais funcionários e podem participar com sugestões. A cada três meses, os empregados são avaliados, e podem receber bonificações segundo os resultados atingidos.

Os funcionários admitem que a carga horária é elevada. "Trabalhamos, muitas vezes, nos finais de semana", diz o jovem diretor Leandro Almeida. Por outro lado, ele acha que o esforço do seu trabalho é bem recompensado com as bonificações que recebe (leia mais na página 15).

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