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Mesmo antes de terminar o processo de aquisição, a Telefônica já prevê que poderá usar o modelo de atuação da GVT em outros mercados. A companhia espanhola fez uma oferta de R$ 48 por ação da GVT, que ontem convocou uma assembleia extraordinária para retirar de seu estatuto cláusulas que poderiam impedir o negócio calculado em R$ 6,5 bilhões no caso de a Telefônica comprar 100% dos papéis.

"O modelo de negócio da GVT é bem sucedido e reconhecido internacionalmente. Nosso interesse é preservar os profissionais e o modelo de negócio e, se possível, até exportá-lo para outros países", disse ontem o presidente da Telefônica no Brasil, Antonio Carlos Valente, durante a Futurecom 2009. Citando uma possível insegurança dos atuais funcionários da GVT, Valente destacou que eles terão "apoio para desenvolver e até melhorar o trabalho que estão fazendo".

A Telefônica concorre com a Vivendi, um grupo de telecomunicações e entretenimento da França, pelo controle da GVT. Os espanhóis estão na frente por terem feito uma proposta melhor do que os R$ 42 por ação oferecidos pelos franceses. Na convocação da assembleia extraordinária, o conselho de administração da GVT propõe a retirada de cláusulas que poderiam impedir a venda, chamadas de "poison pills", mas coloca como exigências para o negócio um preço mínimo de R$ 48 por ação pagos por um comprador qualificado, ou seja, um grupo de comunicações que pague em dinheiro.

Ontem, o conselho de administração da Vivendi se reuniu para discutir o assunto sem, no entanto, apresentar uma posição sobre o negócio. Uma nova proposta não é descartada por analistas, mas ela é pouco provável. "O prêmio pago pela Tele­­fônica já é relativamente alto, é um valor que poucas empresas estariam dispostas a desembolsar neste momento. E a Tele­­fônica é mesmo quem tem o maior interesse em ficar com a GVT", diz Luciana Leocádio, analista da Ativa Corretora.

Ao fazer a aquisição, a Te­­lefônica busca ampliar sua área de atuação, hoje restrita a São Paulo. Com a GVT, ela terá uma rede em mais de 80 cidades espalhadas pelo país. "A Vivendi perdeu uma ótima ponta de lança para entrar no país e a Telefônica acelerou sua estratégia para se tornar uma competidora nacional", resume Eduardo Tude, presidente da consultoria Teleco. "Agora vamos ver competição de verdade no Brasil com Telefô­­nica, Oi e Embratel/Net."

Segundo o presidente da Tele­­fônica, a ideia é manter separada a gestão da GVT, que continuaria com estratégia própria, como a aposta na banda larga de alta velocidade. "Tem muita coisa que a gente pode fazer, mantidos a identidade da GVT, seu modelo de negócios e sua gestão, que pode trazer benefícios às duas empresas", afirmou Valente.

A assembleia extraordinária da GVT será em 3 de novembro, em Curitiba. Todos os acionistas têm direito de opinar sobre a retirada da "poison pill" que, se apro­­vada, abrirá caminho para que a Telefônica faça na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) um leilão para comprar as ações.

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