As incoerências da cadeia do trigo que encarecem o produto no mercado brasileiro serão apresentadas em detalhes ao governo federal por um grupo de trabalho criado nesta semana em Curitiba. Representantes dos triticultores, da indústria e do governo estadual elaboram um projeto a ser encaminhado ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) até outubro. O estado lidera a discussão por ser responsável por metade da produção nacional 3 milhões de toneladas estão sendo colhidas nesta safra.
Apesar de o Brasil importar metade do trigo que consome, os produtores freqüentemente dão com a cara na porta na hora de vender a colheita. Por causa do custo do transporte entre portos, as regiões Norte e Nordeste gastam menos comprando o trigo da Argentina do que o nacional. Além disso, as variedades cultivadas internamente nem sempre atendem às necessidades da indústria especializada em biscoitos crocantes ou massas, por exemplo. Por fim, as oscilações de preço fazem com que o produtor reduza ou eleve o plantio repentinamente, desestabilizando o setor.
O projeto de estabilização da cadeia do trigo surge de uma série de reuniões realizadas na capital paranaense pelo ex-ministro do Planejamento (2001-02) e presidente da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), Sergio Amaral, nos últimos dois dias.
Até agora, os encontros serviram para que a indústria discutisse o assunto com o governo do estado e com representantes dos produtores. Mas a Abitrigo parece estar disposta a ceder em nome da integração. O pedido para que a isenção do imposto de importação de países de fora do Mercosul vigore por mais um mês justamente na época da colheita será reeditado. Em vez da simples prorrogação, a indústria pede que o trigo continue na lista de exceção (isentos), mas aceita que as importações sejam liberadas só depois da colheita nacional. A decisão cabe à Câmara de Comércio Exterior (Camex) e deve ser tomada até 31 deste mês, quando vence a lista em vigor.
"O argumento (dos produtores) é legítimo. Talvez não seja este o momento de os moinhos comprarem trigo de fora", disse Sérgio Amaral. Ele defendeu que o setor encontre um "meio termo". "À medida que a safra for colhida, podemos abrir a importação."
O presidente da Abitrigo cede aos argumentos do Sindicato e Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar). "Não podemos, neste momento, aceitar a prorrogação da isenção aos moinhos. Estamos em plena colheita", argumenta o superintendente adjunto da instituição, Nelson Costa.
As cooperativas vão colaborar com o projeto de integração, segundo o presidente do Sistema Ocepar, João Paulo Koslovski. Em sua avaliação, é preciso encontrar interesses em comum: "Nossas reivindicações têm que ser boas para todos."
O secretário estadual da Agricultura, Valter Bianchini, declarou apoio à integração, mas defende que os benefícios aos moinhos não devem prejudicar os produtores. Um grupo de funcionários do estado deve ajudar a elaborar o projeto a ser encaminhado ao Mapa. A meta é avançar nas discussões para que decisões práticas possam ser definidas no Congresso do Trigo, que será realizado em outubro, em Curitiba.
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