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Falar no pólo automotivo do Paraná, o terceiro maior do país, remete quase sempre às montadoras multinacionais Volkswagen e Renault/Nissan, atraídas para São José dos Pinhais há menos de dez anos pelo programa de incentivos fiscais do governo Jaime Lerner. Também são lembradas duas veteranas da Cidade Industrial de Curitiba: a Volvo, fabricante de caminhões e ônibus, e a Case New Holland (CNH), de tratores e colheitadeiras, igualmente de capital estrangeiro. As quatro, por sinal, já passaram por períodos mais favoráveis: em 2006, elas devem sofrer a primeira queda de produção dos últimos quatro anos.

Mas, à sombra das grandes e do conhecimento do público, um grupo de empresas menores espalhadas pelo estado, de capital 100% nacional e comandadas pelo próprio fundador ou por seus familiares, vem colecionando bons resultados sem fazer barulho. Em uma analogia com os antigos discos de vinil, essas fabricantes poderiam ser chamadas de o "lado B" do setor automotivo paranaense. Mesmo tendo faturamento distante dos bilhões das montadoras tradicionais, a maioria delas pode se dar ao luxo de dizer que trabalha no azul.

Se vivem à sombra, não se pode afirmar que a vida delas é regada somente à água fresca. Quatro companhias, que produzem carretas e semi-reboques, fazem do Paraná uma espécie de mini-pólo de implementos rodoviários – e todas foram atingidas, de uma forma ou de outra, pela crise no campo dos últimos dois anos. A Noma, de Sarandi (Norte do estado) foi a que mais sofreu. As outras três – Pastre, Rodo Linea e Boreal, instaladas em Curitiba ou na região metropolitana – mostraram maior flexibilidade para encontrar novos nichos de mercado. E, embora incluam em suas preces a rápida recuperação do agronegócio, especialmente do setor de grãos, elas têm motivos para comemorar.

Mas quando se trata de sorrisos, poucos são tão largos quanto os dos diretores e funcionários de duas fábricas do interior: a Tork, que produz peças e acessórios para motocicletas em Siqueira Campos (Norte Pioneiro), e a Mascarello Carrocerias e Ônibus, de Cascavel (Oeste). A empresa cascavelense, que recém completou três anos, já é dona de 5% do mercado nacional e prevê um crescimento de 60% nas vendas em 2006. Quase chegando à maioridade, a Tork, fundada em 1989, não apresenta números tão estrondosos. Mas, no embalo do crescimento do mercado nacional de motos nos últimos dez anos, avança de modo constante, apoiada em sólidos investimentos em marketing. O material de divulgação faz questão de destacar que a empresa é a maior do setor na América Latina em número de peças produzidas: 3,5 milhões por ano, de 3 mil itens diferentes, do pisca-pisca ao escapamento.

Mais do que continuar crescendo, o desafio dessas empresas é evitar o destino de outras duas montadoras "lado B" que não resistiram ao tempo: a Puma, lendária fabricante de veículos esportivos que nasceu em Matão (SP) na década de 60 mas definhou ao longo de 13 anos na CIC, e a quase desconhecida Matra, que foi inaugurada em 2001 em Ibaiti (Norte Pioneiro) mas interrompeu a produção três anos depois. Fabricante de utilitários rurais, a Matra chegou a alimentar o sonho de voltar à ativa em 2006, mas acabou vendida a um grupo de Manaus, que transferiu a linha para a capital do Amazonas.

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