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As fabricantes de veículos esperam uma queda nas vendas do segundo semestre após o fim dos programas governamentais de incentivo ao consumo e pela cautela dos consumidores diante da incerteza da economia.

Os programas de incentivo à troca de veículos estão finalizados ou se encerrando na Europa, e montadoras e analistas indicam que preocupações com a economia e medidas fiscais, como aumento de imposto na Espanha, possam prejudicar uma indústria que está caminhando para sair da crise com dificuldade.

As vendas de veículos na Itália caíram 19,12% em junho, apontam números do Ministério dos Transportes. Enquanto isso, as vendas do primeiro semestre foram 2,9% maiores na comparação anual, percentual que mascara a real tendência da demanda.

"As vendas nos primeiros três meses, que pegaram o final dos incentivos de 2009, continuam, de fato, a ter um considerável peso no total acumulado", disse Gianni Filipponi, diretor geral da associação de montadoras estrangeiras, UNRAE.

O grupo de pesquisa Promotor afirma que o segundo semestre terá uma performance marcadamente negativa. "Uma recuperação moderada da economia está começando a surgir, mas parece ser incentivada primariamente pela demanda externa, enquanto a demanda por bens de consumo continua fraca no geral e particularmente fraca no setor de bens duráveis."

"A crise econômica está atingindo principalmente as famílias este ano", acrescenta a empresa. A venda de carros para consumidores caiu 30,45% em junho, enquanto as compras de clientes corporativos subiram 15,93%.

Na França, as vendas de carros em junho caíram 1,2% sobre o ano anterior, informou a associação da indústria CCFA. O esquema de incentivo do governo para troca de veículos velhos por novos ainda continua, mas a partir desta quinta-feira os motoristas recebem apenas 500 euros em vez de 700 para trocarem seus veículos.

No ano, as vendas de veículos na França subiram 5,4%.

"Creio que até o final do ano nós veremos quedas muito mais acentuadas. Estamos antecipando quedas de dois dígitos, mas não em todos os meses, e um último trimestre muito ruim porque estamos comparando com um final de ano muito forte no ano passado".

Preocupações sobre reformas do governo para reduzir déficits e a situação econômica na zona do euro devem exacerbar esse efeito, disse Carlos da Silva, analista do IHS Global Insight.

"Os incentivos e os descontos não podem durar para sempre. Além disso, toda a informação sobre Grécia e Portugal aqui na França não está dando sinais fortes sobre o futuro. Pode ser que agora vejamos muitas pessoas voltando a economizar o que puderem para esperar ver o que acontece no próximo ano."

Na Espanha, as vendas subiram 25,6% em junho, último mês do programa de incentivo governamental às vendas de veículos. Em maio houve alta de 44,6% e a associação de montadoras Anfac afirmou que o aumento não iria durar.

"No segundo semestre esperamos que a tendência piore, com quedas de mais de 30% por causa da situação econômica, contração da demanda doméstica, aperto no crédito, alto desemprego, aumento de dois pontos no imposto sobre valor agregado e fim do Plano 2000E (subsídios do governo)", afirmou a Anfac.

Na Rússia, país que já foi considerado candidato a superar a Alemanha como maior mercado de veículos da Europa antes da crise atingir a demanda, incentivos e recuperação econômica impulsionaram as vendas da fabricante da marca Lada AvtoVAZ, cujas vendas em junho dispararam 77%.

Enquanto isso, nos Estados Unidos, dados desta quinta-feira (1º) mostraram ganhos, mas analistas alertaram que os números podem mostrar que o ritmo de expansão está desacelerando, o que está disparando temores sobre uma interrupção na recuperação da economia.

O presidente para América do Norte da General Motors, Mark Reuss, afirmou na quarta-feira a analistas que a fase atual é de "uma recuperação ainda muito delicada".

Já no Japão, analistas evitam arriscar como serão as vendas depois de 30 de setembro, quando expira o programa de incentivo à compra de veículos novos.

"É muito difícil ter uma leitura sobre as vendas em outubro e adiante", disse Michiro Saito, representante da associação de concessionários do Japão. "Sabemos que a demanda vai cair. A dúvida é em que intensidade e por quanto tempo."

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