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O presidente Evo Morales disse na quarta-feira que a Bolívia sofre graves prejuízos devido à obstrução de seus opositores à aprovação dos novos contratos resultantes da nacionalização dos combustíveis.

Segundo ele, seus adversários mantêm "debates falsos" e procuram "três pés no gato", em vez de aprovar os 44 contratos assinados no ano passado entre a estatal YPFB e cerca de dez multinacionais.

"A cada dia que não se aprovam os contratos, a Bolívia continua perdendo, e nenhum parlamentar que vem dos governos anteriores tem autoridade para questioná-los", afirmou Morales, numa aparente alusão à aliança direitista Podemos, do ex-presidente Jorge Quiroga, que controla o Senado.

"Antes o povo boliviano jamais conhecia os contratos, muito menos o Congresso Nacional", acrescentou Morales.

Os contratos com as multinacionais, inclusive a Petrobras, foram aprovados em novembro pelo Congresso, mas a YPFB não os colocou em vigor por ter encontrado erros de transcrição nas leis correspondentes, o que levou o governo a propor uma lei com emendas, já aprovada na Câmara, mas barrada no Senado.

Os senadores de oposição aproveitaram a tramitação das emendas para investigar o conteúdo e a negociação dos contratos, pedindo informes às autoridades locais e aos executivos das empresas estrangeiras, o que já provocou a queda do presidente da YPFB, Manuel Morales.

O presidente fez suas declarações horas depois de o presidente do Senado, José Villavicencio, dizer que não tinha pressa em ceder à pressão do governo e das empresas para a aprovação das emendas.

"Não temos nenhum interesse em prejudicar a economia do país, mas sim temos interesse em que se respeitem as leis e normas. Os contratos que estejam fora do marco da legalidade não serão aprovados, serão rejeitados", afirmou o oposicionista Villavicencio, segundo sua assessoria de imprensa.

Visivelmente irritado com o Congresso, Evo Morales disse que os senadores deveriam "trabalhar diante do povo boliviano e não perder tanto tempo em debates falsos".

"Debateram bastante, continuam buscando três pés no gato, mas jamais vão encontrar atos de corrupção nos contratos. Se têm de corrigir, que corrijam, mas não prejudiquem o país."

O governo diz que os novos contratos darão ao Estado uma participação de 50 a 94 por cento no valor da produção de petróleo e gás, além de permitir investimentos superiores a 3,5 bilhões de dólares nos próximos cinco anos.

O país pretende ampliar até 2010 a exportação de gás para a Argentina de 7,7 milhões para 27,7 milhões de metros cúbicos por dia.

A Bolívia também exporta 26 milhões de metros cúbicos diários de gás para o Brasil, e está em contatos preliminares com Paraguai e Uruguai na busca de mais mercados. La Paz prevê que as exportações de gás para Brasil e Argentina atinjam quase 2 bilhões de dólares neste ano.

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