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Depois de perder o banco e deixar a política, Andrade Vieira se dedicou à imprensa e à agricultura | Arquivo/Gazeta do Povo
Depois de perder o banco e deixar a política, Andrade Vieira se dedicou à imprensa e à agricultura| Foto: Arquivo/Gazeta do Povo

Intervenção

BC concluiu liquidação do banco em dezembro

Da Redação, com agências

A liquidação extrajudicial do Bamerindus, banco que estava com atividades suspensas desde 1998, foi concluída apenas em dezembro do ano passado pelo Banco Central.

Um dos maiores bancos do país até o fim dos anos 90, o Bamerindus tinha mais de 3 milhões de clientes e 1,2 mil agências. A instituição foi uma das que enfrentaram problemas financeiros após a estabilização da moeda alcançada com o Plano Real.

De acordo com o BC, o fim do regime de intervenção foi possível devido à aquisição da instituição, que passou a se chamar Banco Sistema S.A..

Também teve fim o processo de liquidação de outras empresas do grupo financeiro, a Bamerindus S.A. Participações Empreendimentos, Bastec Tecnologia e Serviços e a Fundação Bamerindus de Assistência Social.

Em maio do ano passado, o Fundo Garantidor de Créditos (FGC) havia colocado R$ 3,5 bilhões no antigo Bamerindus, o que permitiu a venda do que sobrou da instituição ao BTG Pactual, por R$ 418 milhões. A transação vinha sendo preparada desde 2013.

O Pactual, por sua vez, já era dono do Banco Sistema desde 1997. Na época, essa instituição apresentava problemas financeiros.

A troca do nome foi necessária porque a marca Bamerindus – que foi vendida ao HSBC no fim dos anos 90, junto com os principais ativos do banco (agências, carteiras de empréstimos e imóveis) – não entrou na negociação com o Pactual.

Crédito

O BTG Pactual deve alocar R$ 5 bilhões em ativos para viabilizar a operação do Bamerindus como seu braço para empréstimos e financiamentos.

O BTG quer aproveitar R$ 2 bilhões em créditos tributários do Bamerindus, rebatizado como banco Sistema, em um movimento que vai permitir uma redução no pagamento de impostos.

  • Fundado pelo pai de Andrade Vieira, o Bamerindus foi um dos maiores bancos privados do país

O empresário José Eduardo de Andrade Vieira, que presidiu o banco Bamerindus e era proprietário do Grupo Folha de Comunicação (dono do jornal Folha de Londrina e do portal Bonde), morreu às 6h50 da manhã de ontem. Ele tinha 76 anos e deixa sete filhos.

O empresário, que também fez carreira na política, como senador e ministro, estava internado desde 12 de janeiro, quando deu entrada em um hospital de Joaquim Távora (Norte Pioneiro) para tratar uma pneumonia. Ele foi transferido no dia seguinte para o Hospital Evangélico de Londrina, onde morreu em decorrência de parada cardiorrespiratória. O velório prossegue a partir de 9h de hoje, no Crematorium Londrina. A cerimônia de cremação está prevista para 11h30.

Em nota, o governador Beto Richa lamentou a morte de Andrade Vieira. "Foi um grande paranaense, que fez de sua vida um ideário de trabalho pelo Paraná como político e empresário", disse Richa.

Quatro áreas

O nome de Andrade Vieira, nascido em Tomazina (Norte Pioneiro), ficou ligado a quatro áreas de atuação. Na economia, ele foi o herdeiro e gestor de um dos maiores bancos privados do Brasil, o Bamerindus. Na política, se elegeu senador e chegou a ministro por duas vezes. Na imprensa, comprou um dos mais tradicionais jornais do Paraná, a Folha de Londrina. E na agricultura tocou suas fazendas até o fim da vida.

Andrade Vieira foi senador pelo Paraná e ministro nos governos de Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso. No primeiro governo, comandou o ministério da Indústria, do Comércio e do Turismo (1992-1993) e, posteriormente, assumiu a Agricultura, Abastecimento e Reforma Agrária (1993). Durante o período FHC, voltar a chefiar a Agricultura (1995-1996).

Entre 1981 e 1997, presidiu o Bamerindus, banco fundado por sua família e que foi vendido ao HSBC. Em 1992, Vieira se tornou sócio da Folha de Londrina, assumindo a superintendência do jornal sete anos mais tarde.

A ida para o banco foi, segundo Andrade Vieira, um "acidente de percurso". Em 1981, aos 43 anos, um avião que levava parte da família caiu, matando dois dos irmãos. Um outro irmão havia morrido seis meses antes. Restaram José Eduardo e quatro irmãs (entre elas a empresária Maria Christina Andrade Vieira, falecida em 2011), e ele acabou assumindo o banco.

Ascensão e queda

O período de maior destaque e a queda financeira vieram em seguida, e o próprio Andrade Vieira não conseguia deixar de suspeitar que as coisas estivessem ligadas. Em 1992, quando estava no segundo ano do mandato de senador obtido em 1990, numa disputa contra Tony Garcia, foi chamado por Itamar Franco para o ministério.

Durante alguns meses, chegou a acumular duas pastas: a da Indústria e Comércio e a da Agricultura. Em 1995, já com Fernando Henrique na presidência, voltou a ser ministro da Agricultura.

A queda viria dois anos depois, com a intervenção federal no banco da família. Fundado pelo pai de José Eduardo, o empresário Avelino Vieira, o banco tinha se firmado entre os maiores do país. "Em câmbio, chegou a ser maior que o Banco do Brasil", orgulhava-se o banqueiro. No entanto, a empresa passava por dificuldades financeiras e, em 1997, o mesmo governo Fernando Henrique que tinha colocado o paranaense no primeiro escalão, determinou sua derrocada.

A intervenção foi seguida da venda do banco e dos ativos para o britânico HSBC. José Eduardo nunca perdoou o que considerou uma traição do então presidente. Primeiro porque achava que o banco tinha condições de se recuperar. Segundo, porque, segundo o ex-proprietário, os ativos foram vendidos "a preço de banana". E terceiro porque José Eduardo nunca tirou da cabeça que FHC lhe tirou o banco porque ele estava ficando forte demais.

"Até para presidente da República eu cheguei a ser cogitado. Por isso que o Fernando Henrique fez a intervenção. Por medo de eu concorrer com ele. Com a intervenção no banco, obviamente afetou minha credibilidade e eu fiquei sem recursos para qualquer coisa", desabafaria quinze anos mais tarde ao jornal O Estado de S. Paulo.

Politicamente, a venda do Bamerindus significou o fim de José Eduardo. Terminado o mandato de senador, ele nunca mais se candidatou a nada. Continuou nos negócios com a Folha de Londrina. Mas pouco ia à sede do jornal, e preferia passar os dias na Fazenda da Capela, em Joaquim Távora.

Problemas de saúde

Há vários anos enfrentava problemas de saúde. Tinha, segundo ele próprio, "um pouco de diabetes". Em 2011, passou a ter problemas de fala que, segundo seu médico, poderiam ser consequência de um acidente vascular cerebral. "Não senti nada", disse em entrevista ao jornal Valor Econômico.

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