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Motoristas fecharam a rodovia nas proximidades do porto para protestar contra aplicação de multas | Oswaldo Eustáquio/Gazeta do Povo
Motoristas fecharam a rodovia nas proximidades do porto para protestar contra aplicação de multas| Foto: Oswaldo Eustáquio/Gazeta do Povo

Motoristas de caminhão autônomos e ligados a cooperativas e sindicatos que atuam no Porto de Paranaguá cruzaram os braços na manhã desta quinta-feira (29). A medida foi um protesto contra a determinação do Ministério Público que pediu à prefeitura de Paranaguá mais rigor na aplicação da lei de trânsito que impede o tráfego de caminhões dentro da cidade.

Os motoristas fecharam totalmente a BR-277 até as 10 horas da manhã de hoje nas proximidades do porto e queimaram pneus. De acordo com informações da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), a manifestação não prejudicou as operações portuárias, apenas causou lentidão no acesso ao cais comercial.

Após a determinação do MP, a Guarda Municipal intensificou a aplicação de multas aos caminhões que circulam dentro da cidade. O MP entendeu que os caminhões estavam causando transtorno ao trânsito nos arredores da área portuária em função dos estacionamentos irregulares. O motorista Valmir Santos disse não achar justo que a corda estoure do lado do trabalhador. "Nós giramos a economia do porto e estamos deixando de levar o dinheiro suado para as nossas famílias para pagar multas injustas. A própria prefeitura emitiu alvarás para armazéns que ficam nos bairros e ao mesmo tempo aplica multas quando vamos descarregar nestes armazéns, é contraditório", diz.

A população parnanguara fica com o ônus de uma cidade que só de frota local tem mais de 3,5 mil caminhões, o que torna as ruas da cidade esburacadas e cheias de lama quando chove. É comum os motoristas entrarem nos bairros com os caminhões carregados com fertilizantes ou contêineres em ruas sem pavimentação, o que forma verdadeiras crateras nas ruas da cidade.

O motorista Michel Heleno Calado reconhece o problema, mas diz que o trabalhador não pode pagar o preço pela falta de planejamento do poder público e do porto. "Não temos locais seguros para deixar o caminhão. Se deixarmos na rua perto do porto, causamos outro problema e corremos risco de sermos roubados. Somos trabalhadores e estamos pagando por um problema que não é nosso, é do porto e do poder público. Queremos colaborar, mas precisamos de uma medida justa para todos", defende. A lei municipal que proíbe o tráfego de caminhões dentro da cidade é de 1997. Hoje, 17 anos depois, a realidade do porto é outra e não há espaço suficiente para todos estes caminhões nas rodovias, local em que o tráfego é permitido.

A Appa informou que vem realizando diversas reuniões com operadores portuários, sindicatos, prefeituras e representantes da sociedade organizada para discutir a necessidade da criação de espaços próprios para acondicionamento de caminhões. "Temos registrado aumento sistemático da movimentação de mercadorias e, com isso, aumenta proporcionalmente o fluxo de caminhões. Para que o porto tenha uma relação harmônica com a cidade, é preciso organizar estes caminhões. Já existem empresas se mobilizando para construir seus pátios e evitar transtornos desta natureza", disse o superintendente dos portos do Paraná, Luiz Henrique Dividino.

O prefeito de Paranaguá, Edison Kersten recebeu um grupo de motoristas e informou que uma comissão será formada para encontrar uma solução para o problema. "Vamos chamar todos os segmentos para discutir em conjunto, ao mesmo tempo em que iremos rever os casos de comprovada injustiça na notificação. Depois, chamaremos também o Ministério Público para participar das discussões", finalizou.

80 multas

De acordo com o presidente da Cooperativa Mista e de Transporte de Fertilizantes, Sal, Corrosivos e Derivados do Litoral (Coopadubo), Luiz Henrique Castanho Coelho, em menos de uma semana foram mais de 80 multas emitidas. "Tem motorista que teve a carteira suspensa e não consegue mais trabalhar. Estão multando até caminhões estacionados dentro de casas. A arbitrariedade no cumprimento da lei gerou revolta e fica difícil controlar os ânimos, uma vez que o movimento não tem uma liderança, nasceu da insatisfação generalizada", afirmou.

Sem trabalho

Outro tema em pauta na manifestação é o Terminal Público de Fertilizantes. Os trabalhadores temem ficar sem emprego porque com o terminal em funcionamento as dalas (equipamento que funciona como uma espécie de guindaste) retiram o produto direto do navio e levam o fertilizante direto para os armazéns. Dessa forma, eliminaria a mão de obra dentro do navio, os estivadores; fora do navio, os arrumadores e conferentes e os caminhões da Coopadubo que carregam o fertilizante do navio para os armazéns.

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