Muitas vagas e pouca qualificação

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O mercado de trabalho em tecnologia da informação (TI) deve absorver muita mão-de-obra no futuro. De acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), a demanda por profissionais no setor, que atualmente é de 40 mil pessoas, deve chegar a 100 mil até 2010.

A consultoria IDC Brasil estima que o investimento em TI deve subir dos R$ 39 bilhões gastos em 2006 para R$ 45 bilhões neste ano, um aumento de 15%. O Paraná figura com destaque na previsão, por conta de incentivos fiscais promovidos pelos municípios.

Mas, em geral, falta qualificação ou prática aos profissionais, o que aumenta as chances de contratação e a remuneração para quem é melhor capacitado. A maior dificuldade da fabricante de soluções em automação Bematech, de São José dos Pinhais (na região metropolitana de Curitiba), é encontrar pessoas qualificadas para trabalhar com pesquisa e desenvolvimento. Hoje são 40 funcionários nessa área, entre diretos e terceirizados, em funções de analista, especialista e coordenador. Além de hardware e software, a empresa trabalha com firmware – software embarcado em aparelhos eletrônicos.

De acordo com Catarina Guerra, gerente de recursos humanos da Bematech, a empresa privilegia quem já é funcionário para ocupar novas vagas, realizando treinamentos. "Se não houver alguém no perfil, procuramos no mercado de Curitiba, e não é incomum buscarmos alguém em São Paulo", diz.

Isso não ocorre por falha das universidades e faculdades locais, que considera boas. "A questão não é a formação, e sim a falta de experiência profissional." Foi assim no processo de abertura de capital da empresa, quando um profissional de relações com investidores foi trazido de fora.

A empresa procura dois grupos de profissionais: engenheiros (de eletrônica, elétrica e mecânica) e analistas de sistemas, para trabalhar na busca de tecnologia para novos produtos. Entre eles, os mais difíceis de achar são engenheiros de eletrônica e elétrica com experiência. "Às vezes a pessoa até tem doutorado, mas nunca trabalhou com produto semelhante", conta a consultora de Recursos Humanos Cláudia Quezada. As impressoras fiscais da Bematech surgiram como um produto inovador, razão pela qual, segundo a empresa, possuem tecnologia mais avançada que a dos concorrentes. "Quando encontramos um profissional especializado, ele é bastante caro. Mas pagamos o preço", diz Cláudia.

A área de TI do Wal-Mart também desenvolve os profissionais que já possui por meio de cursos internos e externos e estimulando a formação específica. "Constatamos que alguns cursos acadêmicos estão defasados em relação à prática, com um número muito superior de aulas teóricas em relação ao número de aulas práticas, e com defasagem tecnológica nos laboratórios", explica o diretor de Capital Humano da rede, Marcos Peixinho.

Para ele, o mercado curitibano é bom, mas as faculdades poderiam ajudar a atrair empresas de tecnologia, com a criação de pólos tecnológicos integrados a empresas do segmento de TI.

Pela defasagem das faculdades e rápida evolução da informática, o diretor técnico do Instituto Curitiba de Informática (ICI), Renato Rodrigues, aponta um "vazio de qualificação" na cidade. No ICI, a carência é maior para funções de analista de sistemas com especialização em tecnologia .net, java e software livre. "Procuramos pessoas especializadas em engenharia de software que dominem metodologias de trabalho", diz.

Quando abre uma vaga desse tipo, o ICI leva de 60 a 90 dias para preenchê-la. "Hoje temos entre 10 e 15 vagas abertas, mas o número aumenta a cada mês", diz. Para procurar profissionais, Rodrigues usa sites que distribuem currículos e aborda empresas com profissionais desse perfil. A faixa salarial para programadores vai de R$ 1,8 mil a R$ 2,8 mil, e para analistas, de R$ 3 mil a R$ 4 mil. A tendência é que o mercado no setor de TI continue aquecido. Em Curitiba, o benefício do ISS Tecnológico – programa de redução de tributos para empresas de tecnologia que se instalam na região – é um estímulo a mais, cuja utilização deve ser ampliada com a vinda de novas empresas para o Tecnoparque, projeto de pólo de tecnologia idealizado pela prefeitura. Recentemente, a iniciativa atraiu a indiana Wipro, que adquiriu a Enabler e pretende contratar mais de mil trabalhadores a médio prazo.

Serviço: Currículos para o Instituto Curitiba de Informática devem ser cadastros no site www.ici.curitiba.org.br.