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Última Análise

Na briga entre China e EUA, Brasil não deve entrar “de peito aberto”

Daniel Vargas, da FGV, diz que Trump tenta impor um novo jogo no comércio global

Daniel Vargas, da FGV, comenta briga tarifária iniciada por Trump
Daniel Vargas, da FGV, comenta briga tarifária global iniciada por Trump (Foto: Gazeta do Povo)

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Diante do acirramento da disputa comercial e tarifária entre Estados Unidos e a China, o Brasil está em posição delicada e deveria seguir a estratégia de “ter humildade e reconhecer que não precisa se expor de peito aberto no meio da guerra entre gigantes”.

A análise é do professor de Direito e Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Daniel Vargas, convidado do programa Última Análise que tratou sobre o choque de tarifas aplicado globalmente por Trump.

Vargas salienta que o Brasil se caracteriza por um conjunto de valores e liberais e uma cultura alinhada ao ocidente. Ao mesmo tempo, tem o corpo “com um pé e meio na Ásia” em termos econômicos. “Essa é a grande tensão, o paradoxo que existe na identidade brasileira. A cabeça ocidental com valores de liberdade, e a economia oriental dependente em grande medida das exportações para china”, sublinha.

Para Vargas, o ideal seria o Brasil manter-se “abaixo da linha do radar”. Isso significa fechar negócios com quem quiser negociar, sem escolher lados de forma agressiva; e, ao mesmo empo, buscar diversificar os parceiros comerciais. O mais inteligente, segundo o professor da FGV, seria evitar causar tumultos ou provocar esses gigantes (EUA e China), gratuitamente.

Além da briga tarifária: "Brasil tem medo de crescer"

O economista aponta que os Estados Unidos e a Europa estão priorizando o crescimento e a competitividade de suas economias nacionais. Os europeus, em particular, com a nova coalizão de direita, buscam no crescimento econômico uma forma de atenuar riscos e vulnerabilidades. Essas posturas deveriam servir de exemplo ao Brasil.

"A verdade, no entanto, é que ao longo dos últimos anos parece que o Brasil tem medo de crescer. Porque valoriza tanto outros valores, como diversidade, meio ambiente cultura, que têm sua importância, mas que acaba deixando de lado o desafio do crescimento num país pobre que ainda tem muito a avançar”.

Outro convidado do Última Análise, o jornalista Leandro Narloch elogiou algumas medidas de Trump, como o combate às pautas identitárias: “A pressão que ele fez em algumas universidades para se livrar do identitarismo é positiva”. “A USAID também era um matagal cheio de parasitas que precisava ser capinado”. Já a elevação das tarifas, contudo, teria sido um grande erro. “"Eu tô impressionado com essa tolice. O Wall Street Journal até fala que é a guerra comercial mais estúpida da história”, observou.

Tarifas de Trump fazem parte de reação ao governo Biden

Já o jurista André Marsiglia considera que o governo Trump tem se comportado, seguidas vezes, como uma reação ao governo Biden. Assim como o governo Bolsonaro foi uma reação ao que tinha vindo antes, quando muitas coisas precisaram ser desmanteladas. Outro debatedor, o jornalista Paulo Polzonoff Júnior, considera que o fiel da balança dos tarifaços de Trump serão os efeitos na qualidade de vida e na capacidade de consumo do cidadão americano médio. “Vai resultar em preços mais baratos ou vai encarecer muito a vida do americano? Acho que isso é que vai acabar determinando o futuro do Donald Trump" .

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