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Ministro das Minas e Energia, Alexandre da Silveira, durante audiência da Comissão de Minas e Energia e Fiscalização Financeira e Controle
Ministro das Minas e Energia, Alexandre da Silveira, durante audiência da Comissão de Minas e Energia e Fiscalização Financeira e Controle| Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados

O ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse em audiência pública das Comissões de Fiscalização Financeira e Controle e das Minas e Energia, nesta terça (29), que não houve apagão no dia 15, quando mais de 30 milhões de pessoas ficaram sem luz em 25 estados e no Distrito Federal. "Apagão é quando há falta de suprimento de energia, temos um sistema robusto", afirmou aos deputados.

O problema de fornecimento de energia aconteceu em um cenário de desaquecimento da atividade econômica, longe dos picos de consumo e com os reservatórios cheios.

Silveira também descartou que tenha havido politização sobre o tema, mesmo com a convocação da Polícia Federal, da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) para investigar as causas da falta de fornecimento de energia.

Segundo ele, uma série de circunstâncias o levou a tomar essa medida:

  • Torres de transmissão foram alvos de vandalismo no início do ano,
  • A decisão do conselho de administração da Eletrobras em trocar o presidente, na noite anterior ao apagão.
  • O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) disse não ter condições de apontar imediatamente as causas do problema.

Falha em equipamento causou apagão

Uma falha em um equipamento de uma usina foi a causa do apagão, de acordo com o diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Luiz Carlos Ciocchi.

Segundo ele, uma falha que provocou a abertura de uma linha de transmissão que liga Quixadá a Fortaleza, no Ceará, provocou uma oscilação em toda a rede, sendo que um equipamento usado para estabilizar o sistema não funcionou como deveria na sequência. O resultado preliminar já havia sido mencionado por ele após uma reunião do ONS na semana passada.

“Com os dados de um pequeno aparelho das usinas próximo a essas linhas de transmissão, chamado regulador de tensão, que injeta um tipo de energia na rede fazendo com que seja estabilizada a tensão, esses aparelhos apresentavam uma característica diferente daquela que é informada normalmente por todos os agentes quando fazem a habilitação do seu projeto”, disse.

Este “fenômeno absolutamente inusitado”, diz, provocou a separação do sistema interligado em três sub-regiões que levou a 13 falhas em uma questão de “600 milissegundos”, abrindo diversas outras linhas. Estas causas, diz, são apontadas no Relatório de Análise de Perturbações (RAP) que foi elaborado pela entidade.

A consequência imediata foi a instabilidade e queda de energia nas 26 unidades federativas que compõem a rede interligada. Uma exceção foi Roraima, que permanece fora do Sistema Interligado Nacional (SIN) e, portanto, não foi afetada pelo blecaute.

A ocorrência no dia do apagão já havia sido identificada como uma “ação controlada” pelo ONS, afirmando que o desligamento das regiões Sudeste e Sul foi proposital, em resposta a uma falha no Nordeste. O objetivo era evitar a propagação do problema e possíveis danos aos equipamentos devido a sobrecarga.

O apagão resultou em uma “separação elétrica”, essencialmente desconectando as regiões Norte e Nordeste do restante do país.

Investigações estão em andamento na ONS

Apesar de já se ter um resultado preliminar da causa do apagão, o ONS ainda investiga o que levou à diferença de informações apresentadas pelo Regulador de Tensão, com prazo até o final de setembro.

No entanto, diz Ciocchi, “não há como, neste momento, atribuir culpa a agentes”, afirmou em meio a dúvidas sobre qual seria o causador do apagão. Se especula até mesmo uma sabotagem, tanto que a Polícia Federal foi acionada para investigar o blecaute.

Nesta segunda (28), a Justiça do Rio de Janeiro acatou uma representação de trabalhadores de empresas de energia do estado para ter acesso a 16 documentos da Eletrobras relacionados ao apagão. A decisão vai permitir um amplo acesso a todos os relatórios internos da companhia que possam esclarecer a eventual responsabilidade pelo desligamento do sistema.

Na semana passada, o Tribunal de Contas da União (TCU) informou que está com uma auditoria em andamento para avaliar a responsabilidade do governo pelo apagão. A análise apura o planejamento da expansão das linhas de transmissão e subestações, e verificar se os trabalhos são realizados de forma equilibrada para garantir a segurança do abastecimento de energia elétrica sem que os brasileiros tenham aumento nos custos.

A Polícia Federal abriu um inquérito, também na terça (22), para apurar as causas do apagão. “A investigação, que corre em sigilo, apura os crimes de sabotagem e atentado contra a segurança de serviço de utilidade pública”, disse a corporação em nota.

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