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Nelson, do Instituto Paranaense de Cegos: 80% a 90% dos sites são acessíveis | Daniel Derevecki/Gazeta do Povo
Nelson, do Instituto Paranaense de Cegos: 80% a 90% dos sites são acessíveis| Foto: Daniel Derevecki/Gazeta do Povo

Programas

Os softwares usados pelos deficientes visuais já estão disponíveis em português. Confira os principais

Jaws – Desenvolvido pela empresa americana Henter-Joyce. A versão standard custa US$ 895 e serve como leitor de voz e conversor para a linguagem Braile.

Orca – Software livre desenvolvido com base na distribuição Linux Ubuntu. Como é um software de código aberto, vem recebendo melhorias constantemente e crescendo em popularidade.

Virtual Vision – Desenvolvido pela empresa brasileira Virtual Vison. A licença custa R$ 1,8 mil, mas há planos de parcerias para licenças de uso pessoal. Bancos como o Bradesco e o Real oferecem gratuitamente para seus clientes.

Webvox – Software gratuito desenvolvido pelo Núcleo de Computação Eletrônica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

  • Tela de software de leitura: conteúdos em Flash são problema

Muita gente já não consegue se imaginar sem usar a internet para pagar contas no banco, ler notícias ou simplesmente mandar e-mails. Mas essas facilidades nem sempre estão disponíveis para todos. Quem tem algum tipo de deficiência visual às vezes não consegue acessar informações e serviços, pois muitos sites ainda não se preocupam em disponibilizar seus conteúdos de maneira a serem interpretados pelos softwares leitores de tela, que já são usados por deficientes visuais há mais de dez anos.

O analista de sistemas Nelson Expedito da Rosa, deficiente visual e professor no Instituto Paranaense de Cegos, calcula que 80% a 90% dos sites podem ser acessados pelos principais softwares de leitura, como Jaws, Virtual Vision, Webvox e Orca – os dois últimos, softwares livres. Mas como nem todo o conteúdo consegue ser interpretado, ele normalmente prefere acessar sites voltados especificamente para os deficientes visuais.

Já o programador Airton Marques, também deficiente visual, costuma usar os sites dedicados ao público em geral. "Pago conta no banco, uso e-mail, leio notícias, faço compras pela internet, enfim, uso a rede normalmente", diz. "Podemos acessar quase todos os sites, mas em muitos deles perdemos parte do conteúdo ou a navegação é complicada, como acontece quando a página tem muito conteúdo em flash, por exemplo". Mas, segundo ele, há vários sites que estão bem adaptados às regras de acessibilidade. Como exemplo, cita os sites de Banco do Brasil, Submarino, Havan, Lojas Americanas e da Gazeta do Povo. Os sites "ponto gov" também estão entre os melhores em termos de acessibilidade, até por uma obrigação legal. Segundo Marques, a maior parte dos serviços públicos já está adaptada.

Para possibilitar uma experiência completa ao deficiente visual, é preciso que o desenvolvedor tenha em mente alguns princípios básicos de acessibilidade, como não depender apenas de cores para diferenciar conteúdos na página ou assegurar que o site seja navegável pelo teclado. Segundo Ségio Coelho, diretor de planejamento da agência digital Midiaweb, toda a estrutura do site deve ser pensada para atender também os deficientes visuais, incluindo acesso rápido ao menu, organização de códigos e descrição de figuras e tabelas. "É só o programador dedicar um tempo do projeto para adequar o site aos padrões de acessibilidade", explica Coelho. Evitar conteúdos em flash e colocar descrições precisas nas imagens são também exemplos de regras a serem seguidas. Marques concorda: "Um site não precisa deixar de ser bonito para ser acessível".

Manter conteúdos acessíveis a deficientes visuais, além do aspecto de cidadania e de inclusão, também pode ser um fator de aumento de audiência para o site. Na sede do Instituto Paranaense de Cegos, em Curitiba, cerca de 20 pessoas utilizam diariamente um telecentro com computadores adaptados aos deficientes visuais. Somente usuários cadastrados no Dosvox, sistema operacional desenvolvido pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, são 6 mil. "São pessoas que compram, clientes de bancos e de lojas virtuais", diz Marques. No último censo, em 2000, o IBGE constatou que 11,77 milhões de brasileiros apresentam algum tipo de deficiência visual – o que significa 6,97% da população do país. Destes, 160 mil disseram ser totalmente incapazes de enxergar.

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